quarta-feira, 17 de abril de 2013

O caráter do pastor - ele deve ser o modelo de vida para as pessoas


[Richard Baxter]

O exemplo e o modelo de vida do pastor são maneiras mais efetivas de convencer e ganhar o coração das pessoas. O pastor, deverá, na vida comum e no ministério, demonstrar capacidade, sinceridade e amor. Tomando-o por ignorante, as pessoas desprezarão seu ensino, pois se considerarão mais sábios do que ele; se o acharem egoísta ou hipócrita, que não vive segundo o que prega, suspeitarão de seus motivos e se negarão a confiar na orientação proposta. Se, porém, estiverem convencidos de que ele entende daquilo que faz e perceberem sua capacidade de atuação, as pessoas respeitarão o pastor, serão receptivas à sua pregação e aconselhamento. Quando estiverem convencidas acerca do caráter cristão de seu pastor, não mais suspeitarão de suas intenções nem dos seus atos. Saberão que ele não visa os próprios interesses, mas os interesses de Cristo e o benefício da igreja. Somente um caráter submisso a Deus poderá convencer outros à mesma submissão.
Dado que aqueles a quem eu escrevo são os que reconhecem as próprias necessidades e sabem que precisam de capacitação, eu lhes digo: preparem-se melhor. O que nos falta em termos de habilidade nós ganharemos em qualificação, exercitando nossos dons e observando o trabalho de obreiros aprovados.
Se os pastores tivessem tanto interesse no seu povo quanto se esforçam para promover a si mesmos, se quisessem tanto obter o afeto e a adesão de seu povo quanto se limitam em seus próprios afetos, se fossem mais condescendentes, amáveis, afetuosos e amigáveis, prudentes na postura e na atitude, se abundassem em boas obras – certamente poderiam provocar e receber reações positivas de parte do seu povo. Não deveríamos ter interesse nas pessoas, motivadas pelo interesse que viessem a ter em nós. Antes deveríamos promover o interesse de Cristo, de desenvolver e proclamar a salvação do povo. Não fosse por Cristo e sua obra, não seria significante se nos amassem ou odiassem. Entretanto, em Cristo, a comunhão é importante. E quem liderará bem um exército que odeia o próprio comandante? Como sequer pensar que as pessoas atenderão aos conselhos daqueles a quem não amam e desprezam. Esforcem-se, portanto, para obter um interesse adequado na estima e no afeto do seu povo, e você terá melhor chance de que ele o atenda.
Alguém poderá perguntar: “O que um pastor deve fazer, se perdeu o afeto de seu povo?”, ou, “O que fazer, se for um povo tão vil que odeie seus pastores apenas por desejarem cumprir seu dever e papel?” A resposta será: o pastor deverá perseverar, com assertividade e bondade, “disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2 Tm 2:25-26). Entretanto, se o desagrado da Igreja se dever a fraquezas do pastor, a diferença menores de opinião, o pastor deverá, primeiro, procurar sanar os problemas e remover o preconceito por todos os meios legítimos. Caso não consiga, poderá dizer: “Não trabalho para mim mesmo nem em meu próprio favor, mas para Cristo, em benefício da Igreja. Assim, uma vez que os irmãos não querem, por minha causa, obedecer à Palavra, permitamos que outro pastor lhe promova o bem”. Deixará que experimentem outro líder para ver se os agrada. Quanto a tal pastor, poderá buscar outra congregação fiel e idônea para receber e passar a instrução e a orientação. Um homem sábio não suportará permanecer numa Igreja contra a vontade dos seus membros ou liderança. Da mesma forma, um homem sincero não conseguirá, em benefício próprio, permanecer num lugar onde seu trabalho não terá proveito, impedindo o bem que outro poderia realizar. Por mais estima e vantagens que tenha, pensará no interesse de Cristo.

Fonte: BAXTER, Richard. Manual Pastoral de Discipulado. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 220 p.

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