domingo, 14 de abril de 2013

Ensina a criança no caminho em que deve andar


"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te." (Dt 6:6-7)




Uma das contribuições dos judeus para a Igreja neotestamentária é a prática de ENSINAR as Escrituras aos seus filhos desde a infância. No Judaísmo primitivo, a educação era um produto do lar, envolvendo o aprendizado da religião, da ética e da profissão associada às atividades agrícolas e pastoris. Os educadores do Antigo Testamento eram chamados “sábios” (Pv 13.14; 15.7), e os alunos eram chamados de filhos (1Cr 25.8; Pv 2.1). O processo educacional fluía mediante o exercício de uma pedagogia “de pai para filho” e a educação desenvolvia-se muito mais através do exemplo do que pela transmissão de conhecimentos. O mestre era aquele que ensinava com a sua própria vida. No Antigo Testamento, as crianças deveriam conhecer os símbolos religiosos de Israel e seus significados. O texto bíblico diz o seguinte: “Quando vossos filhos vos perguntarem: que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da páscoa ao Senhor, quando feriu os egípcios e livros as nossas casas...” (Ex 12.26,27). Quantas vezes fossem questionados, os progenitores deveriam recontar a história com detalhes a fim de que seus filhos pudessem aprendê-la. Israel orientava os seus filhos através de uma “didática retrogressiva”, ou seja, ensinava-os a olhar para o seu passado, para a sua memória, para a sua história de sucessos e fracassos, de maneira que estes pudessem focalizar o seu futuro dentro de uma perspectiva de acerto.
No Novo Testamento, o ideal educacional de formar o caráter não é muito diferente do ideal educacional do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo preocupou-se com a educação infantil como nenhum outro, deixando nas Escrituras a seguinte orientação para a educação de filhos: “[...] criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Quando se dirige a Timóteo, ressalta o seu conhecimento das sagradas letras desde a infância, as quais haviam sido transmitidas “pela sua vó Loide e sua mãe Eunice” (2Tm 3.15; 1.5). Timóteo foi um resultado do exemplo apresentado pelos seus progenitores, pastores, conselheiros e mestres. Os textos deixam bem claro que a influência da avó e da mãe foi decisiva na sua educação. A criança olha para o adulto como um modelo, um exemplo de vida. É na observação dos pais, responsáveis, adultos, professores e mentores que a criança tem o seu caráter cristão construído. Analisando a participação dos pais e professores na educação infantil, Daniel Goleman chegou à seguinte conclusão “Parece-me que a infância – um período crucial para a formação do adulto – neste mundo em que estamos vivendo, deva merecer uma atenção maior de parte daqueles que são os principais responsáveis pelas crianças: pais e professores1. E isso concorda com o que já dizia Salomão: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6).

1GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 40ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.


Fonte: CONCEIÇÃO, Eurípes da. Ensinando através do caráter. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.


0 comentários:

Postar um comentário