quinta-feira, 28 de junho de 2012

Remindo o tempo - por Jonathan Edwards

Remindo tem mais relação com alguma coisa que tanto está perdida, ou que de alguma forma perdemos, ou que no mínimo está pronta para ser perdida, ou tomada de nós.

Remindo o tempo porque os dias são maus”. Os dias sendo maus, vemos outros desperdiçando seu precioso tempo; mas você se esforçará para remi-lo? O verso pode ter relação também com o desperdício de tempo no passado... ou pode dizer respeito ao grande perigo do tempo ser perdido, em razão do fato de os dias serem tão maus... se eles não tivessem um grande cuidado, o tempo se deslizaria de suas mãos, e eles não tirariam nenhum benefício dele... ou finalmente pode dizer respeito quanto à necessidade de remirmos o tempo dessas terríveis calamidades que Deus trará sobre os ímpios... o tempo pode ser remido como se ele fosse salvo da terrível destruição que quando vier, colocaria um fim à paciência de Deus. O tempo é uma coisa que deveríamos ter em alto valor.

DOUTRINA: O TEMPO É UMA COISA EXCESSIVAMENTE PRECIOSA

Pelas seguinte razões:
1. Porque a eternidade depende do aproveitamento do tempo. As coisas são preciosas na proporção da sua importância, ou em razão do nível de relação com o nosso bem-estar. Isso faz com que o tempo seja um bem imensamente precioso, porque o interesse pelo nosso bem-estar, depende do aproveitamento do tempo. Ele é precioso porque o nosso bem-estar nesse mundo depende do seu aproveitamento. Ele é precioso porque se não o aproveitarmos, nós correremos o risco de atrairmos pobreza e desgraça... mas acima de tudo é importante porque a eternidade depende dele... de acordo com o nosso aproveitamento ou perda do nosso tempo, seremos felizes ou miseráveis na eternidade.

2. O tempo é muito curto, o que o torna muito precioso: a escassez de algum bem faz com que o homem coloque um grande valor sobre ele, especialmente se é uma coisa necessária de ser tida e sem a qual não pode viver... o tempo é tão curto, e o trabalho que temos a fazer é tão grande, que não podemos desperdiçar nenhuma parte dele. O trabalho que temos que fazer para nos prepararmos para a eternidade deve ser feito no tempo, ou nunca será feito; e esta é um obra que envolve grande dificuldade e labor.

3. O tempo dever ser visto por nós como algo muito precioso... porque sua continuidade é incerta. Nós sabemos que ele é muito curto, mas não sabemos quão curto ele é. Nós não sabemos o quão pouco nos resta, se um ano, ou muitos anos, ou apenas um mês, ou uma semana, ou um dia. Não há nenhuma experiência que possa ser mais bem verificada do que essa.

Quanto mais muitos homens valorizariam seu tempo, se eles soubessem que tinham apenas uns poucos meses, ou uns poucos dias a mais nesse mundo; e certamente um homem sábio valorizaria seu tempo ainda mais... essa é a condição de milhares agora no mundo que agora gozam de saúde, e não veem nenhum sinal do avanço da morte. Muitos, sem dúvida alguma, estão para morrer no próximo mês, e muitos morrerão essa semana, muitos morrerão amanhã e não sabem nada disso, e não pensam sobre isso. Quantos morreram fora dessa cidade num tempo ou outro, quando nem eles nem seus vizinhos viam nenhum sinal de morte uma semana antes. E provavelmente existem muitas pessoas agora aqui presentes, ouvindo o que eu digo agora, que vão morrer dentro de pouco tempo, e que não tem nenhuma percepção disso.

4. O tempo é precioso porque quando ele passa não pode ser recuperado... o que é bem aproveitado não é perdido; embora o tempo por si mesmo se vá, o seu benefício permanece conosco... cada parte do nosso tempo é como se fosse sucessivamente oferecida a nós, a fim de que possamos escolher se o faremos nosso o não. Mas se o recusamos, ele imediatamente é tomado, e nunca mais oferecido.

A eternidade depende do aproveitamento do tempo; mas quando o tempo de vida se vai, uma vez que a morte venha, nós não temos mais o que fazer com o tempo.


APROVEITAMENTO

Uso I. Autoexame. Para levar as pessoas a considerarem o que fizeram com tempo. Quando Deus criou você e lhe deu uma alma racional, ele o fez para a eternidade, e lhe deu o tempo aqui a fim de prepará-lo para a eternidade. Considere o que você fez com o tempo passado. Existem muitos de vocês que podem muito bem concluir que metade do seu tempo já se foi... o seu sol já passou o meridiano... quando você olha para o passado da sua vida percebe que foi numa grande medida vazio...? Quanto pode ser feito em um ano? Para que propósito você gastou o seu tempo?

Uso II. Reprovação, para aqueles que desperdiçaram o seu tempo. A raça humana age como se o tempo fosse uma coisa que tivesse em grande quantidade, e tivesse mais do que precisa, e não sabe o que fazer com ele. Há muitas pessoas que deverão ser reprovadas com essa doutrina que eu agora vou particularmente mencionar:

Primeiro. Aquelas que gastaram grande quantidade do seu tempo em ociosidade... suas mãos recusam-se trabalhar; e em vez de trabalhar, eles deixam sua família sofrer e eles próprios sofrerão... muitos gastam grande parte do seu tempo... em ociosidade e conversa não proveitosa.

Segundo. São reprovados pela doutrina aqueles que gastam o seu tempo em trabalhos ímpios, que não apenas gastam o seu tempo fazendo nada para nenhum propósito bom, mas gastam o seu tempo em propósitos maus... eles ferem e matam a si mesmo com isso. Por isso, esses que tiveram a oportunidade de obter a vida, trabalham para a sua própria morte. Eles gastaram o seu tempo corrompendo e infectando as cidades e locais onde vivem... alguns gastaram muito do seu tempo em contendas... isso não é apenas perda de tempo, é a pior forma de abusar do tempo do que meramente desperdiçá-lo... eles não apenas desperdiçam o seu tempo, mas consomem o tempo de outros... eles contraíram aqueles hábitos pecaminosos que tomarão tempo deles para serem mortificados... o pecado é um grande devorador de tempo.

Terceiro. São reprovados por essa doutrina, aqueles que gastam seu tempo em apenas propósitos mundanos, negligenciando suas almas.

O tempo foi dado para a vida na eternidade. Foi designado como um tempo de provação para a eternidade... se os homens não aproveitam seu tempo para os propósitos da eternidade, eles o perdem.

Uso III. É uma exortação para aproveitarmos o tempo ao máximo.

Primeiro. Você é responsável diante de Deus pelo seu tempo. Tempo é um talento de Deus dado a nós. Ele estabeleceu o nosso dia, e esse dia não nos foi dado para nada – foi designado para algum trabalho.

Segundo. Considere quanto tempo você já perdeu... você deve aplicar a si mesmo o mais diligentemente possível para o aproveitamento da parte de tempo que lhe resta, para que você possa viver como se fosse para remir o tempo perdido.

1. Sua oportunidade agora é menor. O seu tempo por mais longo que seja é muito pequeno... e se o todo da sua vida é tão pequeno, quão pequeno é o que lhe resta.

2. Você tem o mesmo tipo de trabalho que tinha para fazer primeiro, e isso sob maiores dificuldades... não apenas o seu tempo para trabalhar se tornou menor, o seu trabalho se tornou maior.

3. Você perdeu o melhor do seu tempo. Não apenas se foi o melhor, e ainda assim todo o seu trabalho permanece; e não apenas isso, mas com mais dificuldades do que nunca. Que loucura é uma pessoa se entregar ao desencorajamento, assim como negligenciar o seu trabalho porque o seu tempo é muito curto? Deus o chama para se levantar, e se aplicar ao seu trabalho

Terceiro. Considere como muitos valorizam o tempo quando estão perto do fim da vida.

Quarto. Considere... aqueles que desperdiçaram todas as oportunidades para obterem a vida eterna, e foram para o inferno, que pensamentos você pensa que eles tem sobre a preciosidade do tempo?

Eu concluirei fazendo três advertências em particular.

1°. Aproveite o seu tempo sem de nenhuma maneira atrasar.

2°. Seja especialmente cuidadoso para aproveitar aquelas partes do tempo que são mais preciosas... o tempo santo é mais precioso do que o tempo comum. Esse tempo é mais precioso para o nosso eterno bem-estar. Portanto, acima de tudo, aproveite os seus domingos; e especialmente aproveite o tempo de adoração pública, que é a parte mais preciosa do tempo santo... o tempo de operações do Espírito de Deus é mais precioso do que qualquer outro tempo... esse é o tempo quando Deus está próximo... é o dia da salvação.

3°. Aproveite seu tempo de lazer dos negócios mundanos... você pode proveitosamente gastar o seu tempo em conversação com pessoas santas sobre coisas das mais alta importância, em oração e meditação, e lendo livros proveitosos. Você precisa melhorar cada talento... e oportunidade ao máximo, enquanto o tempo ainda perdura.

Fonte: www.jonathanwdwards.com.br




terça-feira, 19 de junho de 2012

Precisão e Eficácia da Palavra de Deus


"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4:12)


"Nascida no Oriente e vestida de formas e imagens orientais, a Bíblia percorre as estradas do mundo inteiro, familiarizada com os caminhos por onde vai; penetra nos países, um após o outro, para em toda parte sentir-se bem, como em seu próprio ambiente. Aprendeu a falar ao coração do homem em centenas de línguas. As crianças ouvem sua história com admiração e prazer, e os sábios ponderam-nas como parábolas de vida. Os maus e os soberbos estremecem com os seus avisos, mas aos ouvidos dos que sofrem e dos penitentes sua voz tem timbre maternal. A Bíblia está entretecida nos nossos sonhos mais queridos, de sorte que o amor, a amizade, a simpatia, o devotamento, a saudade, a esperança, cingem-se com as belas vestimentas de sua linguagem preciosa. Tem como seu esse tesouro, ninguém é pobre nem desolado. Quando a paisagem escurece, e o peregrino, trêmulo, chega ao Vale da Sombra, não teme nele entrar; empunha a vara e o cajado da Escritura; diz ao amigo e companheiro - 'Adeus, até breve.' Munido desse apoio, avança pela passagem solitária como quem anda pelo meio das trevas em demanda da luz."

(DYKE, Henry Van, apud HALLEY, Henry H, in Manual Bíblico: um comentário abreviado da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1994, 4.ed).

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Qual é a Igreja Verdadeira


"A verdadeira Igreja é um fenômeno espiritual que surge na sociedade humana, e que até certo grau se entremistura com ela, dela porém diferindo bastante por certas características vitais. A Igreja se compõe de pessoas regeneradas que diferem de outras pessoas pelo fato de viverem uma vida de qualidade superior, que lhes foi infundida por ocasião da sua renovação interior.

Tais pessoas são filhos de Deus num sentido bem diverso em que o são os demais seres criados.

A origem deles é divina, e a cidadania deles está no céu.

Adoram a Deus no Espírito, regozijam-se em Jesus Cristo e já não mais confiam na carne.

Fazem parte de uma geração eleita, de um sacerdócio real, de uma nação santa, e são um povo peculiar, ou especial.

Esposaram a causa de um homem rejeitado e crucificado que se disse Deus e que empenhou sua própria honra e palavra, dizendo que iria preparar um lugar para eles na casa de seu Pai e que voltaria para levá-los para lá com sumo regozijo.

Enquanto aguardam tão maravilhosos acontecimento eles vão carregando a cruz dele, vão sofrendo todas as indignidades e ofensas que os homens atiram sobre eles, por causa de Cristo, e na terra atuam como embaixadores dele e fazem a todos os homens o bem que podem em nome dele.

Firmemente creem que participarão do seu triunfo, e, por essa razão, voluntária e espontânea, arrostam também a rejeição de Cristo, da parte de uma sociedade que não os compreende.

E, por isso tudo, não guardam nenhum ressentimento, mas, ao contrário, com profundo e sincero desejo, amam seus opositores e deles se compadecem, querendo que todos os homens se arrependam e se reconciliem com Deus.

Este é um sereno resumo de um aspecto do ensino neotestamentário sobre a Igreja. Mas, outra verdade, ainda mais reveladora e significativa para todos quantos buscam informar-se melhor acerca dos dons do Espírito, é esta de que a Igreja é um corpo espiritual, uma entidade orgânica unida pela vida que reside dentro dela."

(trecho extraído de TOZER, A.W. O caminho do poder espiritual. Vol 1 - Série A.W.Tozer. São Paulo: Mundo Cristão, 4a ed, 1985)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Métodos & Técnicas de Ensino


1) Métodos de ensino

A didática é a reflexão sobre a atividade de ensinar. Embora lide também com questões relativas ao aprendizado (ação do aluno), seu foco principal é a ação do professor. Uma das áreas abordadas pela didática engloba as questões de método, metodologia, técnicas e procedimentos de ensino. Segundo Preiswerk, o método e a metodologia devem ser entendidos da seguinte maneira: espaço das inter-relações dentro dos diferentes componentes da educação, e entre eles: estrutura social, atores, finalidades, conteúdos. O método é um conjunto de relações e de interações que define, em última instância, o caráter e a natureza de uma determinada educação. [...] Por metodologia, seguindo o uso mais comum, entendemos o conjunto das técnicas utilizadas durante o processo educacional.”

Pelas definições acima, percebemos que o método se relaciona com o modo pelo qual conduzimos todo o nosso trabalho educacional. Podemos considerar o método, por exemplo, a partir das atividades que o aluno realiza para o aprendizado. Nesse sentido, podemos citar quatro tipos diferentes e complementares de método que podem ser usados nas aulas e demais encontros educacionais cristãos:

1. “Um método dedutivo parte de uma lei ou de um conjunto de conhecimentos estabelecidos pela cultura ou pela ciência e os aplica a casos determinados. Começa com o geral ou universal e chega ao particular.”

Talvez esse seja o método mais comum usado nas escolas dominicais. O ponto de partida é a compreensão de um princípio bíblico, um conceito teológico ou uma doutrina. Depois de apreender o conteúdo, passa-se a discutir sua aplicação.

2. “Um método indutivo procede exatamente ao contrário: parte de casos e situações particulares; compara-os, tenta ordená-los e trata de encontrar uma lei que permita relacioná-los. Vai do particular para o geral.”

Esse método é pouco usado em classes de escola dominical. Em parte porque o uso de materiais curriculares previamente preparados dificulta a sua utilização. Contudo, a razão principal para seu pouco uso, segundo me parece, está no fato de que em nossa tradição protestante temos dificuldade em construir o saber teológico a partir das experiências cotidianas. Quase sempre ficamos na troca de experiências sem reflexão crítica.

3. “Um método interativo (dialético) aproveita os conhecimentos já adquiridos e os reinterpreta a partir de situações novas que se apresentam. Confronta constantemente o particular com o geral.”

Esse método aproveita os aspectos positivos dos dois anteriores. Seria interessante usá-lo com alguma frequência em nossas aulas. Afinal de contas, a maior parte de nossos alunos já conhece parcialmente os temas que estudamos. Assim, é importante que os temas a serem estudados sejam analisados a partir de novas perspectivas e situações.

4. “Um método divergente inventa e cria novos conhecimentos, colocando em relação elementos que pertencem a diferentes campos do saber e cujo encontro pode provocar uma novidade.”

Esse é, talvez, o mais rico e mais difícil método a ser usado. Ele se utiliza de conceitos, saberes, experiências e situações a partir de diferentes campos do saber – sociologia, psicologia, teologia etc. – a fim de construir novos conceitos e possibilidades de compreender e transformar a realidade. Pode ser usado na escola dominical, sobretudo, porque nossos alunos têm formação escolar e experiências de vida diferentes e podem contribuir para a produção de novos conhecimentos bíblico-teológicos.

Para aplicar esses métodos, devemos selecionar as técnicas apropriadas a cada um deles. É comum encontrarmos professores preocupados com as técnicas a serem usadas a fim de que suas aulas sejam interessantes e motivadoras. Entretanto, as técnicas, por si só, não são capazes de resultar em uma boa educação. Analise com atenção o seguinte trecho extraído do livro do Dr. Preiswerk e reflita sobre o seu próprio uso de técnicas de ensino – tanto avaliando o que você já tem feito como propondo novas possibilidades de atuação.

As técnicas em educação, como em qualquer outro campo da vida humana, têm um aspecto instrumental. Todavia, não são neutras e o educador não pode usá-las sem se questionar a respeito dos valores que elas transmitem.

Efetivamente, por trás das técnicas, atrás de determinados procedimentos didáticos, estão presentes, em maior ou menor grau, valores e projetos que podem facilitar ou entorpecer as finalidades propostas – mesmo que não haja uma relação direta entre as finalidades e as técnicas.

Um material didático pode ter uma aparência muito atrativa, utilizar procedimentos criativos e, ao mesmo tempo, estar a serviço de um projeto educacional muito conservador e reprodutor dos valores dominantes. Do contrário, um material pode ter objetivos transformadores da realidade e, mesmo assim, usar técnicas que contradizem as finalidades. De forma mais concreta, uma técnica como a exposição, por exemplo, pode servir tanto a um discurso fechado e impositivo, como à narração de uma parábola que transforma a compreensão que o(a) educando(a) tem de si mesmo(a) ou de Deus.

A pesquisa pode ser uma busca criativa ou uma perda de tempo, quando o(a) educando(a) não sabe o que e nem para que está pesquisando.

Um audiovisual pode ser o meio mais eficaz para transmitir uma verdade fechada e alheia à realidade do educando(a) ou um estímulo criativo para despertar novas dimensões e conhecimentos.” (PREISWERK, Matthias, apud ZABATIERO, 2009)


2) Técnicas de ensino

Após falar brevemente sobre alguns métodos de ensino, enfocaremos algumas técnicas que podem ser aplicadas para que a pedagogia se concretize. […] Ao tratar de técnicas, nós as consideramos caminhos para alcançarmos nossos objetivos. Portanto, não há técnicas infalíveis, universais ou receitas prontas para a aula. Por isso, precisamos preparar bem nossas atividades de ensino – não só os conteúdos a serem discutidos, mas também as técnicas que usaremos. Precisamos caminhar em busca da excelência didática, ou seja, da perfeição no ensino, para que haja aprendizado e edificação na igreja.

Não abordaremos todas as técnicas possíveis. Há excelentes livros sobre o assunto [...]. Apenas destacaremos alguns procedimentos básicos para o trabalho em sala de aula:

1. Preleção. Exposição do tema, pelo preletor, diante de um auditório. É um método bom para quando a classe estiver motivada e o conteúdo for novo. Se, por um lado, a exposição poupa tempo, por outro, dificulta a participação da classe, exigindo muita habilidade do professor para manter o nível de atenção. Ao usá-la, procure sempre preparar perguntas para a classe responder, ou alterne a preleção com pequenos trabalhos em grupo ou outros métodos participativos.

2. Dinâmica de grupo. Há múltiplas formas de trabalho em grupo a serem adotadas em sala de aula. Por exemplo: a discussão do tema por toda a classe em conjunto; a divisão em grupos menores, para estudo, discussão ou reflexão; os grupos compartilhados etc. Seja qual for a dinâmica usada, porém, precisa ser previamente preparada e selecionada, senão pode se tornar meramente um bate-papo nada educacional. Os métodos de grupo possuem a grande vantagem de ampliar a participação da classe e, no contexto da igreja, ajudam a aumentar a comunhão. Possuem, entretanto, também os seus limites. Se a classe não estiver acostumada a trabalhar, o grupo pode ser “grupo”, ou seja, apenas tempo perdido.

Caso você goste de usar métodos de grupo, mantenha-se bem informado sobre eles, sempre buscando adquirir novas experiências e materiais sobre o assunto. Em minha experiência pessoal, os métodos de grupo são úteis quando estão inseridos em uma exposição, ou quando os alunos estão bem motivados para trabalhar por conta própria. São importantes, ainda, no estudo de textos bíblicos – pois ajudam a vislumbrar os diferentes ângulos de um texto, especialmente se for um texto difícil.

3. Dramatização. É a “representação teatralizada de situações reais da vida com o propósito de dar e receber informações, alcançar melhor compreensão das situações e favorecer maior integração do grupo” (NÉRICI, I.G., apud ZABATIERO, 2009). Entre outras vantagens, a dramatização nos ajuda a “entrar” no mundo pessoal do tema a ser estudado e a nos envolvermos concretamente com o tema. Exige, porém, disposição e preparo prévio do grupo – o que também apresenta a vantagem de aumentar a comunhão e a integração da classe. É bem apropriada para lidar com temas existenciais e pessoais, pois ajuda-nos a expressar nossas emoções.

Aprecio bastante as dramatizações. Entretanto, é muito difícil usá-las com adultos, pois costumamos nos sentir mais inibidos. A situação dos jovens é, em geral, diferente, pois eles ainda não se deixaram dominar pela “sisudez” das responsabilidades da vida adulta na sociedade capitalista. Para que a dramatização funcione, precisamos nos abrir para Deus, para o próximo e, especialmente, para nós mesmos. Devemos, ainda, levar em conta que uma dramatização “didática” não deveria tomar mais do que metade do tempo da aula (para preparação e execução).

4. Recursos audiovisuais. Vivemos na era da imagem, e não da palavra. Sem o acompanhamento visual, a palavra falada perde muito de sua eficácia. É fundamental, portanto, que saibamos utilizar os diversos recursos audiovisuais disponíveis a fim de melhorarmos nossa comunicação e nosso ensino. Esses recursos incluem o simples e velho quadro-negro, cartazes, retroprojetor e os mais modernos datashows e outros recursos informático-televisivos.

Sua utilização deverá variar de acordo com as possibilidades da igreja e em conformidade com os objetivos educacionais estabelecidos. Não devemos usar os audiovisuais apenas para deixar a aula mais interessante. Eles devem estar em sintonia com os objetivos da aula e com os momentos da prática educacional cristã.

5. Leitura dirigida. “O método da leitura dirigida consiste em o professor orientar a aprendizagem do aluno por meio da leitura de adequada seleção de textos.” (NÉRICI, I.G., apud ZABATIERO, 2009). O hábito da leitura não é muito desenvolvido em nosso país, e esse é um dos grandes motivos do baixo nível educacional de nossa população. Na igreja, a leitura é fundamental, pois nossa fé se alimenta da palavra de Deus – texto que deve ser constantemente lido e estudado. Os encontros educacionais podem ser um bom instrumento para o aperfeiçoamento da arte da leitura, não só com o uso da Bíblia, mas também de revistas didáticas e livros diversos.

A leitura transcende a simples identificação de palavras e frases, incluindo a compreensão do texto escrito em sua totalidade: ideias, pressupostos, implicações práticas, defeitos etc. A leitura crítica nos ajuda a superar os limites intelectuais, a falta de consciência político-social e a ingenuidade teológica. Crescer na arte de ler é importante para o desenvolvimento espiritual. O apóstolo Paulo jamais deixou o estudo e a leitura, mesmo na prisão (2Tm 4.13), pois sabia da necessidade de continuar crescendo na fé.

Encerrando esta breve discussão sobre métodos de ensino, precisamos lembrar que educadores não são infalíveis. Também somos discípulos de Jesus Cristo, temos nossas angústias e limites, nossos saberes e dúvidas. Existe uma ideia velada, mas difundida, de que professores são infalíveis e sabem tudo. Não podemos passar essa imagem para nossos alunos. A autenticidade e a transparência são fundamentais no trabalho educacional, especialmente no ensino cristão. Sempre que você experimentar alguma dúvida, angústia ou sensação de limite, saiba compartilhar esses sentimentos com sua classe, para que você também seja edificado por seus alunos. Além disso, não há chance de sermos bons professores se não formos bons aprendizes. Valorize a dúvida e a curiosidade: são o ponto de partida para o conhecimento.


(Trecho extraído de ZABATIERO, Júlio. Novos caminhos para a educação cristã. São Paulo: Hagnos, 2009)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Os dez mandamentos do professor da Escola Bíblica Dominical

  1. Amar a Palavra de Deus a ponto de estudá-la com afinco e constância. Isto implica pesquisa em comentários e dicionários bíblicos não satisfazendo apenas com as informações que recebe na revista didática. Ter a Bíblia como o livro-texto da vida e da Escola Bíblica Dominical.

  2. Reconhecer o valor da educação religiosa e ter na mais alta estima a missão do educador. Lembrar sempre que educar é muito mais que transmitir informações, mas ajudar os alunos a assimilar as verdades bíblicas no seu contexto histórico e sua contemporaneidade. Dar instrução sem esquecer da educação é fundamental para a formação do caráter.

  3. Estar sempre bem preparado para ensinar a Bíblia na classe. Para isso, precisa começar cedo e ter tempo para recolher dados da vida diária, pesquisar, absorver as verdades bíblicas, selecionar a técnica de ensino e recurso visual.

  4. Ser pontual e valorizar o aluno que chega à hora. A pontualidade é o reflexo do compromisso com o que deve ser feito e a marca de uma personalidade sadia.

  5. Ser assíduo. Não deixar para outrem aquilo que você pode fazer. A assiduidade do professor serve de garantia para o aluno.

  6. Amar o aluno acima de métodos, recursos, de conteúdo. O amor é a base segura de todos os relacionamentos. O amor deve ser o início e o fim de todo processo ensino-aprendizagem.

  7. Saber que o aluno tem uma personalidade diferenciada e uma vida cristã em desenvolvimento e que merece respeito. Cada aluno é um aluno com suas características pessoais e sua forma ímpar de ser.

  8. Amar a igreja da qual é membro, prestigiando com sua presença e contribuição suas programações e suas promoções. Lembrar que a igreja é um corpo do qual o membro é necessário.

  9. Procurar em tudo ser exemplo digno de ser seguido por seus alunos. A vida fala mais alto do que centenas de palavras. O discurso tem que se adequar à vida.

  10. Estudar sempre com o fim de aperfeiçoar-se para servir melhor ao Senhor. Ninguém sabe tanto que não precise mais aprender.

    Fonte: Jornal EBD - www.juerp.org.br


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Construir Pontes

Construir pontes é o contrário de levantar muros. Pontes fazem ligação, aproximam, ajudam a transpor abismos, enquanto muros  separam,  isolam  e  criam barreiras. Há pessoas que são especialistas em construir muros. Elas vivem erguendo barreiras entre aqueles  com os quais convivem. Geralmente fazem isso promovendo intrigas, discórdias, levam e trazem informação negativa de uma pessoa contra a outra. Gente assim está ao serviço de Satanás e, com certeza, acabará por colher o que semeia.

O  mundo, com tantos muros promovendo separação, precisa de construtores de pontes, que se esforçam para aproximar e unir as pessoas. Esses são os promotores da paz e da concórdia, permitindo-se ouvir, levar e trazer  apenas  as  informações construtivas; as negativas, quando ouve, nunca as leva adiante.

Há anos, li a história de um trabalhador que, na fábrica onde servia, levava sempre consigo uma vasilha de óleo lubrificante, e quando encontrava uma engrenagem produzindo ruído de atrito, ele pingava algumas gotas do óleo. Ele ficou conhecido como "o homem do óleo".

Todo crente deve promover a paz entre as pessoas, seja na igreja, na escola, no trabalho ou na vizinhança. A palavra de Deus  diz:  "Bem-aventurados os pacificadores,  porque  eles  serão chamados filhos de Deus" (Mt 5.9). E Romanos 12.18 - "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens." Assim como Hebreus 12.14 - "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor."

Seja um pacificador, semeie a paz e a concórdia, aja como instrumento para unir pessoas e nunca separá-las.

Fonte: Revista Refrigério, ano 25, número 140 - Setembro/Outubro 2011

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Promovendo o hábito da leitura na Escola Bíblica Dominical

A tarefa do professor é despertar a mente do aluno, é estimular ideias, através do exemplo, da simpatia pessoal, e de todos os meios que puder utilizar para isso, isto é, fornecendo-lhe lições objetivas para os sentidos e fatos para a inteligência… O maior dos mestres disse: ‘a semente é a Palavra’. O verdadeiro professor é o que revolve a terra e planta a semente”. (John Milton Gregory) 

Ler sem dúvida é o melhor hábito que alguém possa ter. Além de ser um hobby divertido e prazeroso, é também uma oportunidade para se aprofundar no mundo dos saberes e dos mais diferentes nichos de conhecimentos existentes. Mas, infelizmente, são poucos que os apreciam a leitura de um bom livro. O motivo se dá a diversos fatores, tais como: falta de incentivo à leitura, ausência de bibliotecas públicas, analfabetismo, falta de tempo, falta de recursos financeiros para aquisição de livros, cultura, etc. Esse desinteresse alcança todas as faixas etárias - crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e o Instituto Pró-Livro mostra que 45% da população não lê nenhum exemplar por ano (desses, 53% dizem simplesmente "não ter interesse" e outros 42% admitem "ter dificuldade").(Fonte: Revista Escola)1

Este cenário caótico afeta diretamente a Escola Bíblica Dominical - EBD, e por isso ela não deve ficar omissa a esta realidade vivida na cultura do leitor brasileiro. A EBD é agente de mudanças, e, portanto, deve fomentar soluções criativas e inovadoras capazes de reverter esse entrave e trazer resultados importantes no que tange à pratica da leitura entre os alunos.

Soluções
Uma estratégia que pode ser utilizada para despertar o desejo de ler entre os alunos da EBD é a distribuição de pequenos capítulos de livros para os alunos lerem. Entretanto, esta proposta só é valida mediante pesquisa entre alunos, para diagnosticar qual é a preferência de assunto, o que gostam de ler, observando com atenção suas respectivas faixas etárias.

Exemplificando, é interessante o professor selecionar alguns capítulos de um livro que tratam exatamente das questões dos adolescentes e juvenis como trabalho, namoro, relacionamento, entre outros, e distribuí-los aos seus alunos a fim de que leiam e descubram o contexto da história. O professor deve despertar constantemente o senso curiosidade dos alunos para que eles criem motivação para darem continuidade na leitura nos capítulos seguintes.

Feedback
O professor deve selecionar de 5 a 10 minutos da aula para comentar e trazer esclarecimentos sobre alguns pontos chaves da história. Também poderá fazer perguntas sobre o livro, e dependendo da habilidade do professor, criar uma gincana para debater o texto. Em caso de resultado, o professor poderá distribuir outro capítulo e promover outro método para avaliar a leitura numa próxima aula. O professor tem toda liberdade para ser criativo e usar outra solução para despertar o hábito da leitura entre os seus alunos.
Durante a leitura provavelmente o aluno encontrará palavras que fogem da sua compreensão e termos desconhecidos até então. O professor deve sugerir aos seus alunos a utilização de um bom dicionário para dar suporte à leitura; não evite consultá-lo quando houver necessidade.

É imprescindível para todo cristão a leitura, principalmente da palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, pois por dela conhecemos os seus ensinamentos e procedimento para nossa conduta cristã.

A leitura traz um série de benefícios para quem cultiva esse hábito: melhora o vocabulário, maximiza o repertório de palavras novas e diferentes, dialoga melhor numa conversa, acrescenta termos usuais numa redação, adquire cultura e conhecimento. Na era de hoje, o conhecimento é o segredo para se dar bem na vida.
As igrejas evangélicas devem investir em projetos de incentivo à leitura. Para começar, a igreja pode arrecadar livros em outras igrejas ou junto à membresia, e, por conseguinte, doá-los ou emprestá-los para seus alunos, ou criar outros mecanismos para que eles tenham acesso a eles.

A EBD precisa de uma biblioteca disponível a professores, alunos e à igreja como um todo, com os mais variados acervos de literatura cristã para todas as faixas etárias. Não adianta nada incentivar os discentes a gostarem de ler se as igrejas não oferecem quaisquer suporte para que essa iniciativa esteja disponível à toda igreja.

O hábito da leitura é gradativo, demanda tempo e dedicação. O professor deve ter paciência e persistência, abandonar velhos comportamentos para obtenção de novos, pois o hábito não se adquire de um dia para outro. Portanto, se seus alunos não estão lendo, crie nova alternativa, ofereça-lhes outro capítulo. Que tal um livro da Bíblia?



Fonte: adaptação de artigo de
 Jhunior Silvapublicado originalmente no www.docenciacristã.com