segunda-feira, 15 de julho de 2013

A BÍBLIA É SUFICIENTE PARA VOCÊ ?


SALMO 119.96 – “TODA PERFEIÇÃO TEM O SEU LIMITE; MAS O MANDAMENTO DO SENHOR É ILIMITADO.”

Salmo 19.7 – “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”


Dizer que algo é suficiente é dizer que não precisa de substitutos, nem complementos. De fato a Bíblia não necessita de substitutos nem de complementos. Tudo o que precisamos saber sobre Deus está na Bíblia. Os textos bíblicos acima declaram esta suficiência usando o adjetivo perfeição. Assim, a Bíblia é suficiente em si mesma, ou seja, por sua própria definição.
Mas a Bíblia é suficiente para você?

Uma boa forma de aferirmos essa suficiência em nossa experiência é refletir sobre como podemos nos aproximar do Livro Sagrado. Citaremos brevemente, a seguir, algumas formas negativas de aproximação e concluiremos com o testemunho da própria Bíblia de sua suficiência, com o intuito de incitar-nos a uma aproximação saudável:
(os títulos que utilizaremos nas descrições são meramente ilustrativos, ou seja, não os usamos aqui em seu sentido etimológico mais profundo)
Intelectuais–são aqueles que lêem de uma forma seca e técnica. Utilizam-se de uma mente arguta e altamente curiosa para “dissecar” o livro, pela sua riqueza histórica e literária. A seguir escrevem livros e mais livros apontando a complexidade das descobertas, e de fato, são importantes em alguma medida. Mas, para estes a Bíblia não é suficiente, pois tanto faz ser a Bíblia ou outra obra literária histórica qualquer. Para estes logicamente a Bíblia não passa de um mero objeto de pesquisa.

Pragmáticos–são aqueles que querem lições para viver bem, ajudar os filhos, vizinhos e colegas. São caçadores da funcionalidade do texto na solução de suas dificuldades diárias. Para estes, a Bíblia também não se mostrará suficiente, pois logo ganhará a preferência o que responder de forma mais prática e imediata às questões inquietantes do dia a dia. Não importa princípios, ética ou verdade, mas se funciona. Aí, tanto faz o Apóstolo Paulo, Içami Tiba, Augusto Cury ou qualquer outro autor. O que “funcionar” primeiro ganha.

Sentimentais–são os que buscam histórias emocionantes e inspiradoras. Poesia, parábolas e provérbios são apreciados. Logo desenvolvem uma teologia marcada pelo humanismo, pelas frases de efeito, pela filosofia barata e pela exaltação da auto-estima. Para estes, os gurus da auto-ajuda convivem no mesmo plano dos autores bíblicos. Para estes também, aqueles que buscam conhecimento de toda verdade de Deus revelada nas Escrituras são chamados de “teólogos, ortodoxos e fundamentalistas” da forma mais pejorativa possível.

Pregadores–procuram na Bíblia apenas mais um sermão, somente uma mensagem, ou um pretexto. Se não acharem… Pregam assim mesmo! Outro dia ouvi falar de um pregador que fez a seguinte confissão na maior cara-de-pau: “preparei uma mensagem tremenda, só me falta achar o texto bíblico que servirá de base”. E outro que introduziu seu sermão com esta pérola: “irmãos folheei a Bíblia pra lá e pra cá e não achei um texto em que pregar, então…” Durma-se com um barulho desses! A Bíblia para estes é mero detalhe.

Os “sem Bíblia”-são os que não lêem de forma alguma. Seguem a falsa premissa de que ler, estudar e meditar é função de pastor e pregador. Há dois tipos desses infelizes auto-enganados, os “sem Bíblia” que têm uma para carregar e fazer tipo, e os “ortodoxos”, aqueles que nem sequer têm uma, ou pelo menos não querem que alguém saiba que têm. Vão aos cultos de “mãos abanando” e mente vazia.

Todos os tipos descritos acima são crentes obviamente, pelo menos é o que dizem. Ou, como dizia certa música vivem da “arte de viver da fé, só não se sabe fé em que”.
A aproximação que faz da Bíblia suficiente é aquela que busca, sobretudo, aproximar-se de Deus, que procura trazer Deus para a realidade da vida, colocando-se sob sua autoridade. O trecho do Salmo 19 (7-10) mostra a suficiência da Bíblia sob muitos aspectos, e o que ela promove aos que a lêem de forma adequada. Segundo este salmo a Bíblia é: Perfeita – completa, única, sem necessidade de remendos; Fiel – digna de confiança; Reta – sempre precisa em seus ensinos; Pura – sem misturas; Limpa – não contamina, nem envenena; Verdadeira – capaz de clarear a visão. Escrevendo a Timóteo, Paulo nos fala da maior qualidade das Escrituras, dando-nos o tom da sua suficiência. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos dê corações sedentos e famintos das Sagradas Letras, transformando-nos a cada dia em homens e mulheres de Deus que glorificam o Altíssimo em toda maneira de viver.
http://fielpalavra.blogspot.com.br

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pensando como Jesus

Por R.C. Sproul


Há muitos anos, fui convidado para fazer o discurso de abertura em um grande seminário teológico nos EUA. Nesse discurso, falei sobre o papel crítico da lógica na interpretação bíblica, e supliquei para que os seminários incluíssem cursos de lógica em seu currículo obrigatório. Em quase todo currículo de seminário, os estudantes devem aprender algo sobre as línguas bíblicas originais, grego e hebraico. Eles são ensinados a procurar o contexto histórico do texto, e aprendem princípios básicos de interpretação. Essas são habilidades importantes e valiosas para sermos bons mordomos da Palavra de Deus. Entretanto, a maior razão para que os erros na interpretação bíblica ocorram não é porque o leitor carece de um conhecimento de hebraico ou da situação em que o livro bíblico foi escrito. A causa nº 1 para a má interpretação das Escrituras é fazer inferências ilegítimas do texto. Creio firmemente que essas inferências falhas seriam menos comuns se os intérpretes bíblicos fossem mais habilidosos nos princípios básicos de lógica.

Permita-me dar um exemplo do tipo de inferência falha que tenho em mente. Eu duvido que já estive em uma discussão sobre a questão da eleição soberana de Deus sem que alguém citase João 3.16 e dissesse: “Mas a Bíblia não diz que ‘Deus amou o mundo de tal maneira que Ele deu Seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna’?”. Imediatamente, concordo que a Bíblia diz isso.

Se fôssemos traduzir essa verdade em proposições lógicas, diríamos que todos aqueles que creem terão vida eterna, e ninguém que tenha a vida eterna perecerá, porque perecer e vida eterna são pólos opostos em termos das consequências de crer.

Entretanto, o texto não diz absolutamente nada sobre a capacidade humana de crer em Jesus Cristo. Ele não nos diz nada sobre quem crerá. Jesus disse:“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer” (João 6.44). Aqui, nós temos uma negativa universal que descreve capacidade. Ninguém tem a capacidade de vir a Jesus a não ser que uma condição particular seja satisfeita por Deus. Ainda assim, isso é esquecido à luz de João 3.16, que nada diz sobre um pré-requisito para a fé. Assim, João 3.16, um dos textos mais famosos em toda a Bíblia é rotineira, regular e sistematicamente destruído com inferências e implicações falhas.

Por que essas inferências ilegítimas acontecem? A teologia cristã clássica e, em particular, a reformada, fala sobre os efeitos noéticos do pecado. A palavra noético deriva-se da palavra grega nous, que é normalmente traduzida como “mente”. Assim, os efeitos noéticos do pecado são estas consequências da queda do homem no intelecto humano. A pessoa humana inteira, incluindo todas as nossas faculdades, foi devastada pela corrupção da natureza humana. Nossos corpos morrem devido ao pecado. A vontade humana está em um estado de prisão moral, cativa aos desejos e impulsos maus do coração. Nossas mentes, da mesma forma, são caídas, e nossa própria capacidade de pensar foi severamente enfraquecida pela queda. Eu imagino que o QI de Adão antes da Queda fosse fora de série. Duvido que ele fosse levado a fazer inferências ilegítimas quando cuidava do jardim. Pelo contrário, sua mente era perspicaz e aguçada. Porém, ele perdeu isso quando caiu, e nós perdemos com ele.

Entretanto, o fato de sermos caídos não significa que não temos mais a capacidade de pensar. Nós todos tendemos ao erro, mas podemos aprender a raciocinar de uma maneira ordenada, lógica e persuasiva. Meu é desejo é ver os cristãos pensarem com o máximo de convicção e clareza. Assim, como uma questão de disciplina, será muito benéfico estudar e dominar os princípios elementares de raciocínio, de maneira que possamos, pela ajuda de Deus Espírito Santo, superar, em certo grau, a destruição do pecado sobre nosso pensamento.

Eu não creio por um único segundo que qualquer um de nós, enquanto o pecado estiver em nós, será perfeito em seu raciocínio. O pecado nos coloca contra a lei de Deus enquanto vivermos, e temos de batalhar para superar essas distorções básicas da verdade de Deus. Porém, se amamos a Deus, não somente com todo o nosso coração, nossa alma e nossa força, mas também com toda nossa mente (Mc 12.30), seremos rigorosos em nossas tentativas de treinar nossas mentes.

Sim, Adão tinha uma mente perspicaz antes da queda. Todavia, creio que o mundo nunca experimentou um pensamento tão são como o manifesto na mente de Cristo. Penso que parte da humanidade perfeita de nosso Senhor foi que Ele nunca fez uma inferência ilegítima. Ele nunca chegou a uma conclusão que não era estabelecida pelas premissas. Seu pensamento era claro e coerente. Somos chamados a imitar nosso Senhor em todas as coisas, incluindo Seu pensar. Portanto, que amá-Lo com toda sua mente se torne um assunto de importância máxima e séria em sua vida.

Fonte: bereianos.blogspot.com.br

terça-feira, 9 de julho de 2013

Quando o QUERER e o DEVER não se harmonizam



"Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço,
 isso faço." (Romanos 7.15)


[por John Piper]


Se o seu “querer” não se conforma com o “dever” estabelecido por Deus, o que você pode fazer para ter paz? Vejo pelo menos cinco estratégias possíveis.

1) Você pode evitar pensamentos sobre o “dever”. Esta é a estratégia mais comum no mundo. Muitas pessoas simplesmente não dedicam energia para considerar o que deveriam estar fazendo e não o estão fazendo. É mais fácil apenas deixar o rádio tocando.

2) Você pode reinterpretar o “dever”, para que este se pareça com o seu “querer”. Isto é um pouco mais sofisticado; portanto, não é muito comum. Geralmente exige uma educação especializada, para ser feito com credibilidade; ou, a graduação em um seminário pode fazer isso com requinte.

3) Você pode reunir os poderes da sua vontade para realizar uma forma de “dever”, embora não tenha o “querer” em seu coração. Isso parece muito bom e, frequentemente, é mal interpretado como uma virtude, até por aqueles que o fazem. De fato, há uma filosofia que diz: “O dever sem o querer é a essência da verdadeira virtude”. O problema desta filosofia é o que Paulo disse: “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Coríntios 9.7). Isso coloca os que contribuem por “dever” em uma situação precária.

4) Você pode sentir contrição pelo fato de que o seu “querer” é muito pequeno e frágil – como um grão de mostarda. Depois, se você tiver a capacidade, cumpre o “dever” pelo esforço da vontade, enquanto lamenta que seu “querer” seja fraco e ora para que este logo seja restaurado. Talvez este até seja restaurado enquanto você realiza o “dever”. Isto não é hipocrisia. A hipocrisia oculta a ausência do “querer” e finge que ele existe. A virtude confessa o desejo deficiente na esperança de que a graça perdoará e restaurará.

5) Por meio da graça, você pode buscar a Deus, para que Ele lhe dê o “querer”, de modo que, chegando o momento de cumprir o “dever”, você terá o “querer”. Em última instância, o “querer” é um dom de Deus. “A mente da carne é hostil para Deus... e não é capaz de submeter-se à lei de Deus” (Romanos 8.7 – tradução do autor). “O homem natural não pode entender as coisas do Espírito de Deus...porque elas são apreciadas espiritualmente” (1 Coríntios 2.14 – tradução do autor). “Na expectativa de que Deus lhes conceda...o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade” (2 Timóteo 2.25).

A doutrina bíblica do pecado original se resume nisto (emprestado de Agostinho): somos livres para fazer o que gostamos, mas não somos livres para gostar do que deveríamos gostar. “Pela desobediência de um só homem [Adão] , muitos se tornaram pecadores” (Romanos 5.19). Esta é a nossa condição. E sabemos, com base em nosso próprio coração e nas Escrituras, que somos responsáveis pela corrupção de nosso “querer”. De fato, quanto melhor nos tornamos, tanto mais nos envergonhamos de sermos maus, e não apenas de fazermos o mal. Como disse N. P. Williams, “o homem pode sentir-se envergonhado de praticar o que é errado, mas o santo, capacitado com o aprimoramento superior de uma sensibilidade moral e poderes perspicazes de introspecção, se envergonha de ser o tipo de pessoa que está sujeito a praticar o que é errado”.

A obra soberana e espontânea de Deus em mudar o coração é a nossa única esperança. Portanto, temos de pedir-lhe um novo coração. Temos de orar para que Ele nos dê o “querer” - “Inclina-me o coração aos teus testemunhos e não à cobiça” (Salmos 119.36). “Alegra a alma do ter servo, porque a ti, Senhor, elevo a minha alma”. Deus prometeu fazer isto: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos” (Ezequiel 36.27). Isto é a nova aliança comprada com o sangue de Jesus (ver Hebreus 8.8-13; 9.15). “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4.16).


Fonte: PIPER, John. Provai e Vede. São José dos Campos: Fiel, 1ª edição em português: 2008.