segunda-feira, 18 de maio de 2015

Cristo cumpriu os dez mandamentos

[Mark Jones]

Adão quebrou os dez mandamentos no Éden. Mas Cristo guardou os dez mandamentos no “deserto”, sob circunstâncias muito mais intensas do que aquelas às quais Adão foi submetido.

Guardou o primeiro mandamento. Ele trouxe glória a Deus o Pai enquanto esteve na terra (Jo 17.4). Temeu, creu, e confiou em seu Pai (Hb 2.13; 5.7; Lc 4.1-12). Cristo zelou pela glória de seu Pai (Jo 2.17) e foi constantemente grato ao seu Pai (Jo 11.41). Ele prestou completa obediência ao Pai em todas as coisas (Jo 10.17; 15.10).

Guardou o segundo mandamento. Ninguém jamais cultuou como Cristo (Lc 4.16). Ele leu, pregou, orou e cantou a Palavra de Deus com um coração puro (Sl 24.3-4). Ele condenou o falso culto (Jo 4.22; Mt 15.9). Além disso, aquele que era a imagem visível de Deus não precisou fazer imagens ilícitas de Deus.

Guardou o terceiro mandamento. Como portador da imagem de Deus (Cl 1.15), ele revelou o Pai de modo perfeito (Jo 14.9). Falou somente aquilo que havia recebido do Pai (Jo 12.49). Em outras palavras, ele jamais tomou o nome de Deus em vão, mas falou apenas a verdade sobre o Pai e trouxe glória ao Pai por viver em conformidade com quem ele é (o Filho de Deus).

Guardou o quarto mandamento. “Entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga…” (Lc 4.16). Ele fez obras de piedade, misericórdia e necessidade no dia de descanso (e.g.: Mc 2.23-28). Além disso, o Senhor do Sábado assegurou nosso sabá eterno por meio de sua morte na cruz, permanecendo no sepulcro no sábado, e ressurgindo no domingo.

Guardou o quinto mandamento. Ele sempre fez aquilo que agradava a seu Pai celestial (Jo 8.29). Sobre a cruz, mesmo enquanto estava morrendo, preocupou-se em cuidar de sua mãe (Jo 19.27). Ele também guardou as leis terrenas (Mc 12.17; Mt 17.24-27).

Guardou o sexto mandamento. Jesus preservou a vida. Ele fez isso física e espiritualmente. Ele salvou pecadores de seus pecados (Jo 5.40). E também curou muitas pessoas (Mt 4.23). Foi manso, gentil, amável e pacífico enquanto esteve na terra (e.g.: Mt 11.29). Sua vida foi de misericórdia e compaixão (e.g.: Lc 18.35-43).

Guardou o sétimo mandamento. Cristo, o marido, entregou sua vida por sua noiva (Ef 5.22-33). Embora eu não tenha dúvidas de que ele achava algumas mulheres atrativas, ele jamais cruzou os limites adequados com respeito à interação entre homens e mulheres, e seus pensamentos sempre foram puros com respeito a pessoas do sexo oposto (cf. 1Tm 5.2).

Guardou o oitavo mandamento. Cristo doou livremente (Jo 2.1-11). Ele se opôs ao roubo (Jo 2.13-17). João 2 retrata, entre outras coisas, Cristo guardando o oitavo mandamento. Aquele que era rico se tornou pobre para que nós, em nossa pobreza, pudéssemos nos tornar ricos (2Co 8.9).

Guardou o nono mandamento. Ele sempre falou a verdade (Jo 8.45-47) porque falou somente as palavras que o Pai lhe havia dado (Jo 12.49). Ele defendeu a verdade porque ele é a Verdade (Jo 1.14, 17; 14.6). Ele não maquiou a verdade (Mt 23), não a falou fora de tempo ou a sonegou (Mt 26.64).

Guardou o décimo mandamento. Aquele que é dono do céu e da terra é aquele que também disse: “As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9.58). Aquele que poderia facilmente saciar sua própria necessidade e desejo contentou-se com aquilo que vinha da mão do Pai (Lc 4.1-12). Ele não cobiçou aquilo que não era propriamente seu, mas com paciente resistência recebeu sua herança por meio da cruz.
Nos círculos reformados devemos, em nossa pregação, fazer um melhor trabalho em explicar como Cristo guardou perfeitamente a lei. Uma coisa é dizer e sempre repetir: “Jesus guardou a lei perfeitamente por nós [como um pacto de obras] para que pudéssemos ser salvos”; mas outra coisa é explicar precisamente como ele guardou a lei e o que estava envolvido nessa guarda da lei. Ouvir sobre a obediência ativa de Cristo e sobre a imputação gratuita de Deus a nós, por meio da fé, dessa obediência ativa, não deve nunca ser algo que se resuma a frases de efeito.
Fonte: monergismo.com


domingo, 17 de maio de 2015

Adão quebrou os dez mandamentos no Eden

Quais mandamentos Adão quebrou no Jardim quando ele e sua esposa comeram da árvore que Deus ordenou não comessem (Gn 2.16-17; 3.6)? Creio que ele quebrou cada um dos dez mandamentos, e não apenas um ou dois mandamentos específicos (cf. Tiago 2.10).

Em sua incredulidade, quebrou o primeiro mandamento.
Como o Reformador corretamente destacou, o primeiro pecado de Adão foi a incredulidade. Ele falhou em amar a Deus, e em lugar disso demonstrou um amor próprio pecaminoso. Ele estava buscando satisfazer-se. Seu pecado incluiu “incredulidade, falta de confiança, desespero, orgulho, presunção, [e] covardia”. Ele também falhou em depender do Espírito Santo.

Quebrou o segundo mandamento. Deus deveria ser cultuado de uma maneira específica, que incluía aquilo que Adão fora ordenado fazer, bem como aquilo que fora ordenado não fazer. Mas Adão transgrediu as leis da correta adoração. Adão tolerou a falsa religião e (como profeta, sacerdote e rei) não guardou o templo de Deus. Ele deveria ter esmagado a cabeça da serpente.

Quebrou o terceiro mandamento. Como filho de Deus, e alguém que carregava a imagem de Deus, Adão trouxe desonra ao seu Pai. Deus deve ser honrado por meio daqueles que carregam o seu nome. Além disso, a palavra de Deus — a Palavra com a qual falou a Adão e o alertou — não foi reverentemente usada por Adão; este fracassou em falar a teologia verdadeira à serpente.

Quebrou o quarto mandamento. A desobediência de Adão o impediu de entrar no descanso sabático eterno. Ele deveria, como nós, fazer todo o esforço para entrar no descanso de Deus (Hb 4.11). Ele não “descansou” em Deus quando permitiu que sua esposa comesse da árvore que ele fora ordenado não comer. Ele pôs em jogo seu descanso eterno, o que é uma violação do shabat.

Quebrou o quinto mandamento. Adão não honrou seu pai. Seus dias teriam sido prolongados caso o tivesse feito.

Quebrou o sexto mandamento. Adão se tornou um assassino perverso, tal como Satanás, quando pecou contra Deus (Rm 5). Ele tinha, para com sua posteridade, o dever de lhes garantir vida, mas, ao invés disso, lhes trouxe morte.

Quebrou o sétimo mandamento. Adão não mostrou amor para com sua esposa quando permaneceu silente e deixou que ela falasse com o diabo. Ele deveria ter protegido Eva, mas não o fez.

Quebrou o oitavo mandamento. Ele permitiu que sua esposa furtasse. Ela tomou aquilo que não deveria tomar. E Adão participou no furto.

Quebrou o nono mandamento. Ele se tornou como o pai da mentira (Jo 8.44) ao falhar em falar a verdade sobre Deus e defender a bondade de Deus quando questionado. Adão deveria ter rebatido a calúnia de Satanás. Ele permitiu que a mentira fosse propagada quando deixou que Eva tomasse do fruto proibido.

Quebrou o décimo mandamentoAdão não se contentou com sua própria situação. Ele estava descontente com aquilo que Deus lhe havia dado. E cobiçou aquilo que Deus havia proibido.

Tudo isso explica por que a apostasia de Adão foi tão má. Ele não cometeu um simples equívoco, mas pecou deliberadamente contra Deus e contra o próximo. Em sua incredulidade, ele quebrou todos os mandamentos de Deus, e não apenas um.


Em nosso próprio pecado, nós raramente, se é que alguma vez, quebramos um mandamento. Nosso pecado quase sempre envolve a quebra de vários mandamentos ao mesmo tempo. Além disso, nossos pecados contra a segunda tábua da lei são geralmente uma falha em guardar a primeira tábua da lei. Quando lido com pessoas que, por exemplo, têm problemas com o sétimo mandamento, minha resposta é lidar com os quatro primeiros mandamentos, e não apenas com o sétimo.

Fonte: monergismo.com

domingo, 15 de março de 2015

Quando você é tentado a irritar-se com a fraqueza dos outros

“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” 
(1 Tessalonicenses 5.14)


Deus salva todo tipo de gente, coloca essas pessoas juntas em sua igreja e diz “agora amem um ao outro”. A família de Deus inclui aqueles que já andaram com Deus por anos e aqueles que ainda estão esfregando os olhos, maravilhados por terem sido salvos por Deus duas semanas atrás. Deus une os fracos e os fortes, e nos diz para vivermos juntos de uma forma que irá glorificá-lo.

Às vezes precisamos admoestar os outros

Aparentemente havia alguns em Tessalônica que não estavam trabalhando. Talvez eles tivessem se demitido acreditando que o retorno de Jesus era iminente. Talvez eles fossem só preguiçosos. Paulo manda admoestá-los, avisá-los, exortá-los a trabalhar e prover para suas famílias, e serem diligentes.

No entanto, Paulo também manda ser paciente com eles. É fácil ficar chateado com alguém que é preguiçoso. Quando você levanta cedo, aguenta o tráfego na hora do rush, moureja no seu trabalho, aguenta um chefe exigente, e chega em casa pra descobrir que seu irmão dorme até o meio dia e quer pegar dinheiro emprestado com você. É fácil ficar irritado. Fale com ele. Admoeste-o. Mas seja paciente com ele.

Perceba que, dos três tipos de pessoas que Paulo menciona, dois terços são “desanimados” e “fracos”. Aparentemente, mais crentes tessalonicenses eram tentados ao desânimo do que à ociosidade. Esse tem sido o caso em minha experiência pastoral ao longo dos anos.

Paulo diz para “consolar os desanimados” – os desencorajados, débeis e tímidos. Eles querem desistir, estão com medo, é difícil para eles ter fé. Você gasta algumas horas encorajando-os, eles saem confiantes e crendo no Senhor, mas no dia seguinte eles voltam tão desanimados e incrédulos como sempre foram. Seja paciente com eles.

É fácil ficar frustrado com os desanimados, especialmente se você não tem as mesmas dificuldades que eles. Deus deu a alguns de nós um dom de fé, ou nós crescemos na fé ao longo dos anos, então somos capazes de confiar em Deus quando ele nos leva pela enchente ou pelo fogo. Outros não têm este tipo de fé. Eles são constitucional e continuamente “desanimados”. Eles não parecem acreditar nas promessas de Deus. Eles querem e tentam acreditar, até creem por um tempo. E então afundam de novo. Não despreze-os. Lide com suas quedas. Seja paciente com eles.

Outros crentes são “fracos”. Eles não têm muita força espiritual. Eles falham repetidamente e parecem não conseguir vencer o pecado. Seja paciente com eles.

É fácil para aqueles que são fortes julgar os outros a partir de sua própria força.

Meu pai era uma ótima pessoa, mas não conseguia entender por quê as pessoas tinham tanta dificuldade em parar de fumar. “Eu fumei por vinte anos, então um dia eu simplesmente decidi desistir e pronto. Nunca fumei outro cigarro depois disso. Você só decide parar e para”. Não foi tão fácil pra mim. Eu havia usado tabaco por uns poucos anos e parei quando me tornei um jovem crente. Foi tão difícil pra mim. Eu falhei repetidamente e demorei um bom tempo até finalmente parar.

Pode ser pecado sexual ou bulimia ou raiva, mas muitos de nós somos fracos em alguma área. Aqueles que nunca lutaram contra um pecado específico podem ser tentados a desprezar aqueles que lutam. É fácil ficar impaciente com alguém se você nunca passou por isso. Em vez de dizer pra alguém pra se animar, superar, simplesmente parar ou simplesmente fazer, Paulo diz “ampare os fracos”. Ajude-os em oração. Ajude-os com encorajamento ou gentilmente se oferecendo para que prestem contas. E seja paciente com eles quando eles falharem. Jesus vai ajudá-los e eles vão crescer. Talvez cresçam devagar, mas vão crescer.

Deus tem sido incrivelmente paciente e longânimo comigo. Como eu posso ser impaciente e não ser longânimo com outros? Jesus aguentou as minhas falhas, descrença, preguiça e diversas fraquezas por anos, ainda assim ele nunca desistiu de mim. Como eu posso não fazer o mesmo por outros?


Fonte: Reforma21

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O pecado do orgulho

[Richard Baxter]

O orgulho é um pecado que tem interesse demasiado naquilo que temos de melhor, e mais odiento e indesculpável em nós mesmos do que em outros homens. No entanto, prevalece de tal maneira, que condena nossos sermões, escolhe nossa companhia, molda nosso semblante, coloca enunciação e ênfase em nossas palavras. Enche a mente das pessoas com desejos e aspirações e domina a alma com pensamentos invejosos e amargurados. Lança-as contra os que permanecem na sua luz ou contra quem quer que possa eclipsar o brilho de sua própria reputação! Que companheiro constante, que comandante tirano, que inimigo sutil e surpreendente é o pecado do orgulho! Acompanha os homens à loja, ao armazém e ao alfaiate: escolhe o tecido de suas roupas, enfeites e moda. Sem o domínio de tal tirano vício, haveria menos pastores a se ocupar primariamente com cabelos e vestes enfeitadas.

Quisera isto fosse tudo, ou o pior de tudo. Infelizmente o orgulho, muitas vezes, acompanha também o nosso preparo do sermão e assenta-se conosco para o estudo! Muitas vezes, ele escolhe o assunto para nossa pregação e, até mesmo, nossas palavras e rebusques! Deus ordena que sejamos tão simples como for possível a fim de esclarecer os ignorantes, e tão convincentes e sérios como for possível para abrandar e transformar os corações endurecidos. Mas o orgulho se opõe e contradiz a todos, produzindo chocarrices e frivolidades. Polui em vez de polir. Sob pretexto de louváveis ornamentos, desonra nossos sermões com penduricalhos infantis, tal como um príncipe em trajes de ator ou um palhaço de circo. O orgulho nos persuade a pintar a janela com cores fortes que só faz enfraquecer a luz. Induz-nos a falar com o povo sobre coisas que embotam o entendimento, mas que só revelam que somos capazes de falar coisas sem nenhum proveito. Ainda que o texto escolhido seja claro e penetrante, o orgulho tira o fio da espada. Sob pretexto de evitar rudez e superfluidade, muitos tornam a pregação maçante e entorpecem uma mensagem que poderia ser vívida.

Especialmente quando Deus nos encarregou de tratar com os homens como se fôssemos responsáveis pela vida deles, e a instar com eles com toda sinceridade possível, tal pecado poderá obter controle e condenar os mais santos mandamentos de Deus. O orgulho nos dirá: "O quê! Quer que as pessoas pensem que você tem a mente fechada? Quer que digam que você está irado ou irascível? Não poderia falar de maneira mais leve e amigável?". Assim, o orgulho faz o sermão de muitos pregadores. E aquilo que o orgulho faz o diabo faz. Podemos imaginar que tipo de sermões o diabo elabora, e com que fim! Ainda que o assunto verse sobre Deus, se as vestes, as maneiras e a finalidade forem propostas pelo diabo, não poderemos esperar senão a derrota.

Fonte: BAXTER, Richard. Manual Pastoral de Discipulado. São Paulo: Cultura Cristã, 2008

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Escravos da justiça

Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à justiça? Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida. Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça” (Rm 6:16-18)


Em Romanos 6:16-18, a palavra “servos” é tradução de um vocábulo grego que se deriva de outro cujo sentido é “amarrar”. Assim sendo, em Romanos aquela palavra se refere a alguém que está amarrado a outro – um escravo. No grego existem duas palavras que se referem a um indivíduo em estado de escravidão. A primeira fala de um pessoa tomada como escravo durante uma guerra. A outra diz respeito a alguém que já nasceu na escravidão. Esta última é a empregada em nosso texto.

Essa palavra apresenta o escravo em diversos aspectos. Trata-se de alguém ligado ao seu senhor. Nós que confiamos no Senhor Jesus como nosso Salvador, anteriormente estávamos ligados a Satanás pelas ligaduras do pecado. Éramos seus escravos. Agora, contudo, estamos ligados a nosso Senhor Jesus pelos laços da vida eterna. Além disso, esse escravo está numa relação permanente para com seu Senhor, a qual só pode ser rompida pela morte. Mas, louvado seja Deus, visto que Ele vive, nós também vivemos e visto que Ele nunca morrerá, nós também nunca morreremos. Somos seus escravos eternos. Acresce, porém, que essa espécie de escravo já nasceu na escravidão. Nascemos como escravos de Satanás por motivo do nosso primeiro nascimento. Mas, por motivo de nosso segundo nascimento, ou regeneração, nascemos como escravos de Jesus Cristo, escravidão essa que em realidade é uma condição gloriosamente livre e bendita, na qual somos seus escravos por amor para todo sempre. Além disso, aquela palavra se refere a alguém cuja vontade é absorvida na vontade de outrem. Antes de nossa salvação, nossas vontades estavam absorvidas na vontade de Satanás. Andávamos segundo o príncipe do poder do ar. Agora, a nossa vontade, na medida em que cedemos à plenitude do Espírito Santo, está absorvida da vontade de Outrem, nosso bendito Salvador. “Faze o que quiseres, Senhor”, é o cântico de nossos corações. Mas essa palavra também se refere a um escravo devotado aos interesses de seu senhor, até o ponto de desconsiderar seus próprios interesses. Enquanto éramos escravos de Satanás, nós o servíamos sem dar atenção aos nossos melhores interesses, pois o salário que dele recebíamos era a morte. No entanto, nós o servíamos cegamente, por mais caro que fosse o preço pago. E agora que somos escravos do Senhor Jesus Cristo, servímo-lo a ponto de desconsiderar nossos próprios interesses? Estamos servindo ao Senhor somente até ao ponto em que isso nos custa algo, e aí paramos? Ou antes nos temos abandonados completamente ao seu serviço, sem contar o custo, sem considerar nossas vidas preciosas a nós mesmos?

Que exemplo admirável encontramos no apóstolo Paulo. Ele gostava de chamar-se escravo de Jesus Cristo, pois esse era seu título favorito. Seu apostolado vinha em segundo lugar. Ele considerava tudo como refugo, em comparação com a excelência do conhecimento do seu Senhor.

Fonte: WUEST, Kenneth S. Jóias do Novo Testamento Grego. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, 3ª impressão. 118 p.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quem és tu para discutires com Deus?

[por Charles H. Spurgeon]

Há pessoas que acham que o pecador dá o primeiro passo rumo à salvação. Isso não é verdade. Deus sempre dá o primeiro passo. As pessoas nunca clamarão a Deus para salvá-las até que a obra da salvação já tenha sido começado em seus corações. Elas não querem a misericórdia de Deus. Elas fogem da graça que lhes é oferecida. Elas rejeitam o evangelho quando é pregado. Não virão a Cristo para que possam ter vida. Voltam suas costas para Deus de maneira obstinada e perversa. As pessoas só são salvas quando Deus, com Sua mão forte, leva-as até Cristo.


A graça começa, continua e termina a obra da salvação no coração de uma pessoa. O caminhante não demonstrou pena pela criança porque ela poderia ser útil no futuro, como fazem as pessoas no mundo. Depois que a criança foi resgatada, alimentaram-na, trataram dela e vestiram-na com belas roupas. Se vocês lerem todo o capítulo 16 de Ezequiel, encontrarão a resposta da criança. Ela desviou-se daquele que a amou e salvou. Deus sabia que isso iria acontecer, mas ainda assim amou a ingrata criança. Somos como essa criança. Deus sabia que embora Ele nos tivesse amado quando não havia nada de bom em nós, iríamos revoltar-nos depois que Ele nos salvasse. Deus sabe tudo. Ele sabe que nossos corações às vezes são apartados dele. Deus nos ama mesmo sabendo que muitas vezes não cremos nele.


Deus não os amou porque sabia que seriam pregadores, distribuidores de folhetos ou professores de escola dominical. Deus os amou mesmo sabendo que muitas vezes vocês seriam ingratos e frios em seus corações para com Ele. Não havia absolutamente nenhuma razão pela qual Deus deveria salvar essa criança. Não havia nenhuma razão pela qual Deus deveria salvar os pecadores. Deus sabe que todas as pessoas são culpadas, como criminosos no tribunal de justiça. Ele sabe que Sua misericórdia pareceria ter sido jogada fora em homens assim.


Agora quero mostrar-lhes a graça soberana de Deus. Deus diz: "Vou poupar esse traidor; ele merece morrer, mas vou poupá-lo. Vou provar que sou rei e o Deus da misericórdia." Por que então Deus poupa esta criança banida? Há apenas uma resposta para essa pergunta: "Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Rom 9:15-16). Não façam perguntas. Deus não explica às pessoas o que Ele faz ou porque Ele faz isso.


Se vocês questionarem sua realeza sua resposta será: "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?" (Rom. 9:20). Peçam a Deus sua misericórdia. No entanto, lembrem-se de que vocês não têm direito à sua misericórdia. Peçam a Deus misericórdia, sabendo que Ele tem o direito de dá-la ou de recusá-la como lhe aprouver. Se Deus quiser, Ele pode salvá-los; ou se desejar, Ele pode destruí-los. Vocês têm a obrigação de curvar suas cabeças e dizer: "Deus tenha misericórdia de nós, pecadores, salve-nos para sua glória, para que sua misericórdia e soberania possam ser claramente vistas."


Fonte: http://www.charleshaddonspurgeon.com/

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Deus é Fiel


Deus é verdadeiro. Sua Palavra de promessa é certa. Em todas as Suas relações com o Seu povo, Deus é fiel. Pode-se confiar nEle, com segurança. Nunca houve alguém que tivesse confiado nEle em vão. Vemos esta preciosa verdade expressa em quase toda parte nas Escrituras, pois o Seu povo precisa saber que a fidelidade é uma parte essencial do caráter divino. Esta é a base da nossa confiança nEle. Mas, uma coisa é aceitar a fidelidade de Deus como uma verdade divina, e outra coisa, muito diferente, é agir com base nisso. Deus "nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas", mas nós contamos realmente com o seu cumprimento por Deus? Esperamos de fato que Ele vai fazer por nós tudo que disse que fará? Descansamos com implícita segurança nestas palavras:"...fiel é o que prometeu" (Hebreus 10:23)?

Há ocasiões na vida de todos em que não é fácil, nem mesmo para os cristãos, crer que Deus é fiel. Nossa fé é provada dolorosamente, nossos olhos ficam toldados pelas lágrimas, e não conseguimos mais encontrar o rumo dos baluartes do Seu amor. Os nossos ouvidos se distraem com os ruídos do mundo, arruinados pelos sussurros ateísticos de Satanás e não conseguimos mais ouvir a doce entonação da voz mansa e delicada do Senhor. Sonhos alimentados foram frustrados, amigos em quem confiávamos falharam conosco, um falso irmão ou irmã em Cristo nos traiu. Vacilamos. Procuramos ser fiéis a Deus, e agora uma trevosa nuvem O esconde de nós. Achamos difícil, impossível mesmo, à razão carnal harmonizar a Sua sombria providência com as promessas da Sua graça, Ah, alma titubeante, companheiro de peregrinação provado com tanto rigor, procure graça para ouvir Isaías 50:10; "Quem há entre vós que tema a,Jeová, e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus".

Quando você for tentado a duvidar da fidelidade de Deus, brade: "Para trás de mim, Satanás". Ainda que você não possa harmonizar os misteriosos procedimentos de Deus com as Suas declarações de amor, confie nEIe e aguarde mais luz. Na hora dEle, certa e boa, Ele fará com que você o veja com clareza, “...o que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois" (João 13:7). A sequência dos fatos demonstrará que Deus não abandonou nem enganou Seu filho. "Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso será exalçado, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade: bem-aventurados todos os que nele esperam (Isaías 30:18).

"Não julgues o Senhor por tua mente,
porém, confia nEIe por Sua graça.
Por trás de uma severa providência
Ele oculta um semblante sorridente.
Animai-vos, ó santos temerosos!
As nuvens que temíveis vos parecem,
ricas são de mercês, e irromperão
em bênçãos derramadas sobre vós."

"Os teus testemunhos que ordenaste são retos e muito fiéis" (Salmo 119:138). Deus não nos falou apenas o melhor, mas também não retirou o pior. Ele descreveu fielmente a ruína efetuada pela Queda. Ele diagnosticou fielmente o terrível estado produzido pelo pecado. Fielmente fez conhecido o Seu inveterado ódio ao mal, e que ê preciso que Ele o puna. Advertiu-nos fielmente de que Ele é "fogo consumidor" (Hebreus 12:29). Sua Palavra não contém somente numerosas ilustrações de Sua fidelidade no cumprimento de Suas promessas, mas também registra numerosos exemplos de Sua fidelidade em fazer valer as Suas ameaças. Cada estágio da história de Israel exemplifica esse fato solene. Foi assim com indivíduos: Faraó, Core, Acã e uma multidão de outros mais, são outras tantas provas. E será assim com você, meu leitor, a menos que você tenha buscado ou busque refúgio em Cristo, as chamas eternas do Lago de Fogo serão a tua porção certa e segura. Deus é fiel.


A. W. Pink
In: Os Atributos de Deus.
publicado em cincosolas.blogspot.com