sexta-feira, 14 de março de 2014

O mediador de Deus



[John Stott]

Instintivamente, sabemos que não podemos enquadrar Deus em nenhuma estrutura conceitual concebida por nós mesmos. Se achamos que fomos bem-sucedidos nessa tarefa, o que temos em nosso enquadramento não é Deus. Nossa mente não pode concebê-lo e, muito menos contê-lo. “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o Senhor. “Assim como os céus são mais altos do que os seus caminhos, os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos” (Is 55:8,9).

Até mesmo os rápidos lampejos dele, quando ele passa por nós nos momentos de êxtase ou de dor, de beleza ou de maravilhamento, de bondade ou de amor, deixam-nos totalmente atordoados pela completude dessa realidade que está além de nós. Ainda assim, esses lampejos são em si mesmos uma forma de “mediação”. Pois eles são declarações de Deus por intermédio das glórias do céu e da terra, dos intrincados mecanismos da natureza, das complexidades da situação humana em sua mescla de nobreza e degradação, e de toda abrangência de nossas respostas a isso. Essas “mediações”, no entanto, nos deixam insatisfeitos. Elas apontam para alturas que não podemos alcançar, profundidades que não podemos sondar. Precisamos de uma mediação que seja, de imediato, mais palpável, mais pessoal e mais genuinamente humana. Em uma palavra: precisamos de Jesus Cristo. Pois, por mais rica que seja a realidade que já tenhamos visto, sentido, concebido ou suspeitado, separada de Jesus Cristo, Deus permanece infinitamente distante. Apenas uma vez essa vida veio pessoalmente estar em nosso meio, quando a Palavra de Deus realmente tornou-se um ser humano e viveu entre nós. Só naquele momento os olhos humanos puderam contemplar a “glória” verdadeira em forma humana, o esplendor da realidade pessoal suprema, “... glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).

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