segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Amor e ira

[John Stott]



Na verdade, o homem é, ao mesmo tempo, objeto do amor e da ira de Deus. O Deus que condena o homem por sua desobediência já planejou a maneira para justificá-lo. Três versículos no primeiro capítulo de de Romanos resumem essa verdade. O apóstolo Paulo escreve: “O evangelho... é o poder de Deus para a salvação... Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus [isto é, a maneira de Deus fazer que os pecadores se ajustem a ele]... Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens...” (Rm 1.16-18). Não se explica exatamente como a ira de Deus está sendo revelada do céu contra o pecado; provavelmente, Paulo se refere ao processo amedrontador da deterioração moral que trabalha em pecadores obstinados a quem Deus abandonou à própria obstinação, algo que ele descreve no fim do capítulo. Mas, se a ira de Deus é vista na corrupção do homem e da sociedade, seu remédio para o pecado é visto no evangelho. Há, portanto, duas revelações de Deus. Sua justiça (ou o caminho para a salvação) é revelada no evangelho, porque sua ira é revelada do céu contra toda injustiça. O Deus da Bíblia, assim, é um Deus de amor e de ira, de misericórdia e de julgamento. E toda a inquietude, busca de prazer e escapismo que marcam a vida do homem em todas as épocas e no mundo todo são sintomas da alienação que decorre do castigo divino.

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