segunda-feira, 9 de junho de 2014

Abraão: crendo no poder da ressurreição


O autor de Hebreus acha ainda outro importante aspecto da fé de Abraão, levando-o a falar de novo sobre o grande patriarca: “Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou” (Hb 11:17-19).

Excetuando o sacrifício obediente de Cristo, talvez, o maior ato de fé, em temor e tremor, registrado em toda a Escritura, seja a resposta obediente de Abraão quando Deus lhe ordenou que sacrificasse seu filho, Isaque. Isto aconteceu depois de haver feito a Abraão a promessa de gerações futuras, por meio de Isaque, e depois de fazê-lo esperar vários anos pelo nascimento de Isaque. Nesse ínterim, Abraão tomou passos para garantir que esta promessa fosse cumprida, com a ajuda de Sara, sua esposa, que, considerando-se estéril, ofereceu sua serva Hagar como mãe-substituta, para que Abraão tivesse um filho e a promessa fosse cumprida. Hagar teve um filho chamado Ismael, mas ele não era filho da promessa. Por fim, depois de vários anos de espera. Deus abriu o ventre de Sara. E, em sua idade avançada e esterilidade, ela deu à luz um filho, que recebeu o nome de Isaque. (Quando foi informada que teria um filho, Sara riu; e o nome Isaque significa “riso”, na língua hebraica). Todas as esperanças de Abraão, todo o seu destino, estavam envolvidos neste filho.

Então, Deus foi até ele e lhe disse: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que te mostrarei” (Gn 22.2). Abrão, em temor e tremor, saiu para uma viagem de três dias com Isaque. No caminho, Isaque perguntou a Abraão: “Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto”? (v.7). Abraão respondeu: “Deus proverá para si... o cordeiro” (v.8).

Creio que podemos ler esta história e fazer de Abraão um santo fictício, com um tipo de falsa piedade, como se ele estivesse dizendo a Isaque: “Não se preocupe com isso , meu filho. Deus suprirá para nós um cordeiro, quando chegarmos ao monte”. Não, de maneira alguma. Abraão estava tremendo de medo. Estava se perguntando: “Como Deus pode me pedir que faça isto? Como Deus pode me chamar para um lugar como este, neste tempo, para fazer isto?” Mas ele confiava em Deus, admitindo claramente que, depois de haver matado Isaque, Deus o ressuscitaria dos mortos (Hb 11.19).

Assim, Abraão foi até ao monte designado por Deus, edificou o altar, dispôs a lenha e amarrou seu filho. Mas, quando ele levantou o cutelo, Deus interveio no último minuto possível e disse: “Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus” (Gn 22.12). Esta é uma história de fé em grau absoluto. Na Escritura, a única coisa que a excede é a fé do próprio Cristo.

SPROUL, R.C. O que é fé? São José dos Campos: Fiel, 2013



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