quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O perigo de esquecer os Mandamentos


[Deuteronômio 8:1-20]

Os mandamentos são a base de todas as bençãos que Deus reservara para Israel. A fim de nunca esquecê-los é necessário manter em mente as lições do passado.

a) Não se esqueça das lições da disciplina divina (8:1-6). Deus nos prepara para suas bençãos. Não há quem possa permanecer no sucesso sem a necessária disciplina divina. Muitos teriam mais êxito se se submetessem ao aprendizado necessário. Ao passo que, com outros, o treinamento é prolongado, desnecessariamente, porque “reprovam nas provas”. Foi o que sucedeu em Israel. Foram 40 vezes mais longo do que precisava ter sido.

Mas a disciplina foi algo bom. Humilhou e provou (v.3). Revelou os verdadeiros motivos do coração (v.2). Tinha a forma de dieta alimentar incomum, para a qual os israelitas dependiam literalmente de Deus todos os dias. Certo estudiosos pensam que o maná (v.3) era a excreção de dois tipos de insetos escamosos que se alimentavam de tamargueiras. Se foi assim, e na verdade não temos como obter certeza, então a referência a humilhar é muito apropriada! Este cardápio era uma comida que nem os israelitas nem seus pais tinham previamente conhecido. Mas, sobretudo, Deus humilhou os filhos de Israel para torná-los dependentes dos mandamentos e das promessas divinas. A condição mais importante na vida é ter um relacionamento correto com Aquele que alimenta a alma e o corpo (cf. Mt 4.4; Lc 4.4).

Certos expositores entendem que a declaração: Nunca se envelheceu a tua veste sobre ti (v.4), quer dizer que as roupas dos israelitas não se desgastaram durante os 40 anos. É mais provável que signifique que, pela provisão de Deus, eles fizeram outras roupas, mesmo sendo nômades peregrinando pelo deserto. Pelo mesmo cuidado divino, os pés não incharam. No versículo 5, a ênfase não está na palavra 'castiga', mas no termo 'seu filho' (cf. Hb 12:7,8). A lição da disciplina é aplicada: E guarda os mandamentos do Senhor, teu Deus (v.6).

Os versículos 1 a 6 sugere o tema “para que não esqueçamos”: 1) as provas do passado (v.2); 2) as lições do passado (v.3); 3) o cuidado paternal (vv. 4,5).

b) Não se esqueça de quem foi que te deu a terra (8:7-20). Temos a descrição fiel de como era Canaã no tempo de Moisés (7-9). Charles Wesley descreve a experiência do amor perfeito em termos da terra de Canaã:

A land of corn and wine and oil
favoured with God's peculiar smile
and every blessing blessed...1

O ferro (v.9) é menção de basalto preta com aproximadamente 20% de teor de ferro. Quanto a cobre é tradução correta (cf. NTLH). Na atualidade, a riqueza mineral de Canaã tem sido explorada como nunca.

O tema dos versículos 6 a 10, “viva pela Palavra de Deus”, é sugerido no versículo 3b. 1) Viva pela obediência aos mandamentos de Deus, v.6; 2) viva pela aceitação das disciplinas de Deus, v.5 (cf. Hb 12:5-11); 3) viva pela fé nas promessas de Deus, vv.7-10.

É característico da natureza humana passar da escassez para a abundância com uma gratidão inicial, a qual, depois de certo tempo, dá lugar a um espírito de congratulação própria, automaticamente e, às vezes, rebelião arrogante. Estes versículos apresentam esta tendência e indicam as coibições. Guarda-te para que... havendo tu comido, e estando farto... se não eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor (vv. 11-14), e não digas no teu coração: a minha força (v.17) me adquiriu este poder. Feliz o homem que sabe equilibrar um estômago cheio com um coração grato e humilde. É extremamente comum a tendência a descambar para outra direção. O coração arrogante inibe a memória da bondade do Senhor e explica a prosperidade em termos de capacidade humana e boa sorte. O resultado triste é nos afastar de nosso Benfeitor e transferir nossa lealdade a uma forma menos exigente de religião, que dê maior amplitude aos desejos mais vis. Esta propensão é copiosamente ilustrada pela história de Israel. Nas palavras gráficas da canção de Moisés, “engordando-se Jesurum, deu coices” (32.15).

Moisés dá uma prescrição certa para a prevenção de tal eventualidade. Os israelitas devem se lembrar do Senhor ao guardarem mandamentos divinos, e nunca se esquecer da libertação do Egito (vv. 11,14). Devem recordar a orientação, a proteção e a provisão divinas no deserto. Jamais devem esquecer que por trás de toda a capacidade em adquirir poder (“riquezas”, ARA), acha-se a força (v.18) de Deus. Por fim, a apostasia aos falsos deuses trará sobre Israel o mesmo destino das gentes (“nações”, ARA) que eles desapossam (vv. 19-20).


1“Uma terra de trigo, vinho e azeite / favorecida com o sorriso peculiar de Deus / e abençoada com todas as bençãos...”

Fonte: Comentário Bíblico Beacon Vol.1. Diversos Autores. São Paulo: CPAD, 2005, 1ª ed.

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