A passagem
bíblica sobre o dízimo é encontrada em Levítico 27:30-33, que
apresenta:
“Também todas as dízimas do campo, da semente do
campo, do fruto das árvores são do SENHOR; santas são ao SENHOR.
Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa,
acrescentará o seu quinto sobre ela. No tocante a todas as dízimas
de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, to dízimo
será santo ao SENHOR. Não esquadrinhará entre o bom e o mau, unem
o trocará; mas, se em alguma maneira o trocar, o tal e o trocado
serão santos; não serão resgatados.”
Outras
passagens também oferecem explicações detalhadas. Números
18:21-32 dá a instrução de que o dízimo seja usado para sustentar
os levitas, a tribo separada para servir a Deus. Consequentemente,
ele não foi dado em sua própria província quando Canaã foi
conquistada por Josué. Deuteronômio 12:5-14 e 14:22-26 ensinam que
os dízimos deviam ser trazidos ao santuário central, que foi mais
tarde estabelecido em Jerusalém. Deuteronômio 14:27-30 e 26:12-15
apresentam outro dízimo, que devia ser coletado a cada três anos.
Este dízimo devia ser guardado localmente e distribuído aos
necessitados. Embora alguns vejam três dízimos no Antigo
Testamento, parece mais provável que fossem dois: os dez por cento
anuais, separados para aqueles que serviam ao Senhor, e o dízimo de
cada três anos, destinado ao auxílio de viúvas, órfãos e
estrangeiros desamparados.
O
dízimo era aplicável a tudo aquilo que a terra produzia, e não à
renda originida do comércio. Na opinião de alguns, o dízimo era um
aluguel que Deus cobrava do povo de Israel a quem Ele concedia o
privilégio de viver ali (Dt 1.8; 3.2). O dízimo também tinha o
intuito de ser uma oportunidade para se expressar a fé. Deus
prometera abençoar o trabalho de seu povo (Dt 14.29). Aqueles que
confiavam nele separavam seus dízimos alegremente, certos de que Ele
satisfaria suas necessidades através de abundantes colheitas futuras
(Ml 3.10).
Mas
por que o Novo Testamento não menciona o dízimo dos cristãos? Para
responder, precisamos nos lembrar de que o dízimo foi primeiramente
imposto a Israel, uma comunidade de fé que também era uma nação.
Israel tinha sua própria terra, e estruturas civis governadas pela
lei de Moisés. O dízimo básico de Israel financiava o centro de
adoração da nação, e uma classe especial, levítica e sacerdotal,
dedicada ao serviço. Além disso, o dízimo servia como a parte de
Deus na produção da terra que Ele permitia que Israel ocupasse.
Em
contraste, a comunidade de fé do Novo Testamento existe como
pequenas comunidades, dispersas em cada nação. Nossa comunidade de
fé não tem um centro de adoração principal para financiar. Já
não existe mais um sacerdócio à moda do Antigo Testamento, mas
cada crente agora é visto como um sacerdote. No Novo Testamento,
Paulo argumenta a favor do direito que os obreiros cristãos de tempo
integral têm, de serem mantidos por aqueles a quem ministram. Assim,
há diferença no motivo e na maneira como estas contribuições
serão usadas nos dois Testamentos. Há também um paralelo entre
aquela preocupação pelos pobres expressa no dízimo de cada três
anos de Israel, e na coleta de Paulo pelos pobres de Jerusalém (2
Corintios 8 e 9).
Podemos
justificar a importação do dízimo para nossa era. As raízes
daquele costume eram parte da vida de Israel sob a Lei, tanto quanto
qualquer sacrifício ritual.
Quanto
aos ensinos do Novo Testamento, quando se trata de ofertas, e não de
dízimos, cada um deve dar não uma quantia estabelecida, mas que
“cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com
tristeza ou por necesssidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”
(2Co 9.7). Como expressão do amor e da confiança que Deus surprirá
cada uma de nossas necessidades, a caridade cristã é
verdadeiramente algo gracioso. É nossa resposta de amor à
maravilhosa dádiva de amor que recebemos de Deus, e nossa resposta
de amor aos nossos irmãos e irmãs que estejam passando por
necessidades.
* extraído do comentário do texto de 2 Coríntios 8 e 9 - Os princípios da caridade no Novo Testamento
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento.
Rio de Janeiro, CPAD. 2008, 3ª
ed.
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