“Não
sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como
escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do
pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à justiça?
Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do
pecado, passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes
foi transmitida. Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se
escravos da justiça” (Rm 6:16-18)
Em Romanos 6:16-18, a palavra
“servos” é tradução de um vocábulo grego que se deriva de
outro cujo sentido é “amarrar”. Assim sendo, em Romanos aquela
palavra se refere a alguém que está amarrado a outro – um
escravo. No grego existem duas palavras que se referem a um indivíduo
em estado de escravidão. A primeira fala de um pessoa tomada como
escravo durante uma guerra. A outra diz respeito a alguém que já
nasceu na escravidão. Esta última é a empregada em nosso texto.
Essa palavra apresenta o escravo
em diversos aspectos. Trata-se de alguém ligado ao seu senhor. Nós
que confiamos no Senhor Jesus como nosso Salvador, anteriormente
estávamos ligados a Satanás pelas ligaduras do pecado. Éramos seus
escravos. Agora, contudo, estamos ligados a nosso Senhor Jesus pelos
laços da vida eterna. Além disso, esse escravo está numa relação
permanente para com seu Senhor, a qual só pode ser rompida pela
morte. Mas, louvado seja Deus, visto que Ele vive, nós também
vivemos e visto que Ele nunca morrerá, nós também nunca
morreremos. Somos seus escravos eternos. Acresce, porém, que essa
espécie de escravo já nasceu na escravidão. Nascemos como escravos
de Satanás por motivo do nosso primeiro nascimento. Mas, por motivo
de nosso segundo nascimento, ou regeneração, nascemos como escravos
de Jesus Cristo, escravidão essa que em realidade é uma condição
gloriosamente livre e bendita, na qual somos seus escravos por amor
para todo sempre. Além disso, aquela palavra se refere a alguém
cuja vontade é absorvida na vontade de outrem. Antes de nossa
salvação, nossas vontades estavam absorvidas na vontade de Satanás.
Andávamos segundo o príncipe do poder do ar. Agora, a nossa
vontade, na medida em que cedemos à plenitude do Espírito Santo,
está absorvida da vontade de Outrem, nosso bendito Salvador. “Faze
o que quiseres, Senhor”, é o cântico de nossos corações.
Mas essa palavra também se refere a um escravo devotado aos
interesses de seu senhor, até o ponto de desconsiderar seus próprios
interesses. Enquanto éramos escravos de Satanás, nós o servíamos
sem dar atenção aos nossos melhores interesses, pois o salário que
dele recebíamos era a morte. No entanto, nós o servíamos
cegamente, por mais caro que fosse o preço pago. E agora que somos
escravos do Senhor Jesus Cristo, servímo-lo a ponto de desconsiderar
nossos próprios interesses? Estamos servindo ao Senhor somente até
ao ponto em que isso nos custa algo, e aí paramos? Ou antes nos
temos abandonados completamente ao seu serviço, sem contar o custo,
sem considerar nossas vidas preciosas a nós mesmos?
Que exemplo admirável
encontramos no apóstolo Paulo. Ele gostava de chamar-se escravo de
Jesus Cristo, pois esse era seu título favorito. Seu apostolado
vinha em segundo lugar. Ele considerava tudo como refugo, em
comparação com a excelência do conhecimento do seu Senhor.
Fonte:
WUEST, Kenneth S. Jóias
do Novo Testamento Grego. São
Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, 3ª impressão. 118 p.
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