“Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a
enviar porções, e a fazer grandes festas, porque entenderam as
palavras que lhes fizeram saber.” (Neemias 8.12)
Só o ensino da Palavra de Deus produz verdadeiro
avivamento no meio da igreja local. Nos nossos dias, há uma onda de
movimentos evangelísticos produzidos por ação humana com o
objetivo de atrair multidões ávidas por novidade e modismos. Tais
movimentos carecem da base fundamental e consistente, que é o ensino
da Palavra de Deus.
Todos os verdadeiros movimentos na história do povo de
Israel e no seio da Igreja, ao longo dos séculos, só tiveram
resultados duradouros quando começaram e prosseguiram alicerçados
na Palavra de Deus. Avivamentos sem a Palavra de Deus são apenas
movimentos que passam com o tempo e não geram mudanças
significativas na vida e no comportamento das pessoas envolvidas. O
avivamento, no tempo de Neemias, teve a marca do ensino da
Palavra de Deus.
Neemias, o líder da reconstrução, e Esdras, o
sacerdote, eram homens que se dedicavam ao estudo da Palavra do
Senhor. Ao reunirem o povo na praça principal da cidade, sem meios
de transmissão da mensagem, deve ter sido uma tarefa extraordinária
e difícil, mas eles o fizeram. Repassaram para o povoo conteúdo da
lei do Senhor para a vida dos habitantes de Jerusalém. Eles não
tinham preocupação com a oratória, nem com a retórica, nem com a
eloquência do discurso.
Simplesmente leram a palava de modo didático,
pausadamente, para que o povo entendesse o que Deus requeria dos que o
serviam naquele momento crucial para a história de Israel após anos
e anos de cativeiro em terra estranha. Diz o texto: “E leu nela,
diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva
até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os
ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Ne
8.3). Além da leitura, havia a explicação do significado de cada
expressão. O povo entendeu, e como resultado, sobreveio poderoso
avivamento no meio deles. Houve um quebrantamento verdadeiro, e não
um simples remorso. Houve alegria, festa, e o povo se dispôs a
trabalhar na reconstrução.
Um verdadeiro culto de doutrina
Reunidos para ouvir a Palavra. Diante do que Deus
fizera através do esforço denodado dos israelitas, sob a liderança
de Neemias na edificação dos muros em redor do Templo, o povo
sentiu necessidade de ter sua edificação espiritual também. Como
foi dito anteriormente, não adiantaria um templo lindo com admirável
beleza arquitetônica se o povo não tivesse o temor de Deus, um
quebrantamento para adorar ao Senhor. Templo sem a presença de
Deus é corpo sem alma, sem espírito.
O texto bíblico nos revela que houve uma fome e uma
sede de ouvir a Palavra de Deus. “E chegado o sétimo mês, e
estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo ase ajuntou
como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram
a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o
SENHOR tinha ordenado a Israel” (Ne 8.1). Ali, na praça
principal, “diante da Porta das Águas”, iniciou-se um poderoso
avivamento na história de Jerusalém.
Não era para assistir a um show de grupos musicais, nem
ouvir um artista da época, mas o ajuntamento impressionante
acontecera para que o povo ouvisse a Palavra de Deus. Se fosse hoje,
aquele grande evento teria a cobertura de alguns órgãos da
imprensa, pois “...o povo se ajuntou como um só homem”. Isso nos
fala não só de reunião, mas de uma união e integração do povo
de Israel, a fim de ouvir a Palavra de Deus.
Hoje, em algumas igrejas, há pouca participação dos
membros nos cultos de ensino da Palavra de Deus. Reuniões de estudo
da Palavra são desprezadas por grande parte dos crentes, sobretudo
dos mais jovens. No entanto, quando se anuncia a presença de um
cantor famoso faltam lugares para os expectadores. Isso é sintoma de
fastio da Palavra. É sintoma de doença espiritual de extrema
gravidade. O crente que ama a Deus ama sua Palavra. Disse o salmista:
“Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!”
(Sl 119.97)
Fonte: RENOVATO, Elinaldo. Livro de Neemias - integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, 1ª ed.
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