"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te." (Dt 6:6-7)
Uma das contribuições dos judeus para a Igreja neotestamentária é a prática de ENSINAR as Escrituras aos seus filhos desde a infância. No Judaísmo primitivo, a educação era um produto do lar, envolvendo o aprendizado da religião, da ética e da profissão associada às atividades agrícolas e pastoris. Os educadores do Antigo Testamento eram chamados “sábios” (Pv 13.14; 15.7), e os alunos eram chamados de filhos (1Cr 25.8; Pv 2.1). O processo educacional fluía mediante o exercício de uma pedagogia “de pai para filho” e a educação desenvolvia-se muito mais através do exemplo do que pela transmissão de conhecimentos. O mestre era aquele que ensinava com a sua própria vida. No Antigo Testamento, as crianças deveriam conhecer os símbolos religiosos de Israel e seus significados. O texto bíblico diz o seguinte: “Quando vossos filhos vos perguntarem: que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da páscoa ao Senhor, quando feriu os egípcios e livros as nossas casas...” (Ex 12.26,27). Quantas vezes fossem questionados, os progenitores deveriam recontar a história com detalhes a fim de que seus filhos pudessem aprendê-la. Israel orientava os seus filhos através de uma “didática retrogressiva”, ou seja, ensinava-os a olhar para o seu passado, para a sua memória, para a sua história de sucessos e fracassos, de maneira que estes pudessem focalizar o seu futuro dentro de uma perspectiva de acerto.
No Novo Testamento, o ideal educacional de formar o
caráter não é muito diferente do ideal educacional do Antigo
Testamento. O apóstolo Paulo preocupou-se com a educação infantil
como nenhum outro, deixando nas Escrituras a seguinte orientação
para a educação de filhos: “[...] criai-os na disciplina e na
admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Quando se dirige a Timóteo,
ressalta o seu conhecimento das sagradas letras desde a infância, as
quais haviam sido transmitidas “pela sua vó Loide e sua mãe
Eunice” (2Tm 3.15; 1.5). Timóteo foi um resultado do exemplo
apresentado pelos seus progenitores, pastores, conselheiros e
mestres. Os textos deixam bem claro que a influência da avó e da
mãe foi decisiva na sua educação. A criança olha para o adulto
como um modelo, um exemplo de vida. É na observação dos pais,
responsáveis, adultos, professores e mentores que a criança tem o
seu caráter cristão construído. Analisando a participação dos
pais e professores na educação infantil, Daniel Goleman chegou à
seguinte conclusão “Parece-me que a infância – um período
crucial para a formação do adulto – neste mundo em que estamos
vivendo, deva merecer uma atenção maior de parte daqueles que são
os principais responsáveis pelas crianças: pais e professores”1.
E isso concorda com o que já dizia Salomão: “Ensina a criança
no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se
desviará dele” (Pv 22.6).
Fonte: CONCEIÇÃO, Eurípes da. Ensinando através do caráter. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
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