“Estou seguro, Senhor, de que te amo; disso não tenho
dúvidas. Tocaste-me o coração com tua palavra, e comecei a
amar-te. O céu, a terra e tudo o que neles existe dizem-me por toda
parte que te ame, a não cessam de repetí-lo a todos os homens 'de
modo que eles não tem desculpa' [Rm 1.20 (…)]. Mas, que eu
amo quando te amo? Não uma beleza corporal ou uma graça
transitória, nem o esplendor da luz, tão cara aos meus olhos, nem
as doces melodias de variadas cantilenas, nem o suave odor das
flores, os unguentos, dos aromas, nem o maná ou o mel, nem os membros
tão suscetíveis às carícias carnais. Nada disso eu amo, quando
amo o meu Deus. E contudo, amo a luz, a voz, o perfume, o alimento e
o abraço, quando amo o meu Deus: a luz, a voz, o odor, o alimento, o
abraço do homem interior que habita em mim, onde para a minha alma
brilha uma luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que o
tempo não destrói, de onde exala um perfume que o tempo não
dissipa, onde se saboreia uma comida que o apetite não diminui, onde
se estabelece um contato que a sociedade não desfaz. Eis o que amo
quando amo o meu Deus” (Santo Agostinho)
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