Baxter compara os pastores como
amas-de-leite dos pequeninos de Cristo. Eles devem alimentá-los com
a Palavra de Deus, onde Cristo é revelado em todas as suas
perfeições.
"Confesso que digo estas coisas em função de lamentável experiência pessoal, pois eu mesmo exponho ao meu rebanho os destemperos de minha própria alma. Quando meu coração está frio, minha pregação é fria; quando estou confuso, minha pregação é confusa. Sei também, por intermédio dos melhores de meus ouvintes, que quando minha pregação é fria, eles se esfriam, e as orações que deles ouço são bem parecidas com minha pregação. Somos como amas-de-leite dos pequeninos de Cristo. Se deixarmos de nos alimentar, eles também ficarão famintos, e tal será visto em sua fraqueza e no desempenho dos deveres rotineiros. Se nosso amor diminuir, mão seremos capazes de despertar o amor das ovelhas. Se os santos cuidados e temores forem negligenciados, a pregação revelará o abatimento; se tal não for aparente no conteúdo da mensagem, certamente o será no modo de entregá-la e de vivenciá-la. Se nos alimentarmos mal, de erros ou de controvérsias infrutíferas, nossos ouvintes também não serão saudáveis. No entanto, se abundarem fé, amor e zelo, tais graças transbordarão e restaurarão nossas congregações.
Portanto, irmãos, cuidem de seus próprios corações,
livrando-os de paixões, desejos malignos e inclinações mundanas;
mantenham a vida de fé, amor e zelo; habitem em Deus e com seus
ouvintes. Se a tarefa de examinar o próprio coração, de subjugar a
corrupção e de andar com Deus não for uma luta diária, se não
for uma obra constante em sua vida, os senhores jamais poderão
experimentar as bençãos dos céus. Acima de tudo, permanecem em
oração e meditação secreta, de onde vem o fogo celeste que
consome os sacrifícios; lembrem-se de não negligenciar o dever para
com o próprio coração, ou muitos ouvintes também serão
prejudicados. Por amor do seu povo, examinem seus próprios corações.
Se uma única centelha de orgulho espiritual lhes sobrevier,
fazendo-os cair no perigoso erro de utilizar objetivos e estratégias
de suas próprias invenções que desviem os discípulos, os senhores
produzirão grandes feridas nas igrejas sob seu cuidado – e serão
como pragas em vez de bençãos. Elas desejarão jamais terem visto
seus rostos. Assim, cuidem de seus juízos e afetos. A vaidade e o
erro se insinuam lentamente, sob falsas pretensões: grandes
apostasias geralmente começam com pequenos desvios. O príncipe das
trevas, muitas vezes, se apresenta como anjo de luz, para levar os
filhos da luz para as trevas. Como é fácil que o erro envolva
nossos afetos e substitua o primeiro amor, abatendo-nos o temor e o
cuidado. Por isso, tenham cuidado de si mesmos e dos que foram
entregues ao seu cuidado."
(BAXTER,
Richard. Manual
Pastoral de Discipulado.
São Paulo: Cultura Cristã, 2008, 1ª
edição,
220 pgs.)
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