“E
o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o
lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está
deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco,
mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era
superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém
para adoração, Regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta
Isaías. E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse
carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse:
Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém
não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se
assentasse.”
(Atos 8:26-31)
Filipe e
o eunuco são reunidos em uma conversa reservada. Ele [Filipe]
encontra um carro que servirá de sinagoga e um homem, cuja
conversão, ao que se saiba, desencadeará a conversão de uma nação
inteira.
Filipe é
ordenado a fazer companhia a este viajante que está indo para casa,
regressando de Jerusalém via Gaza. O eunuco pensa que fez tudo que
tinha de fazer em sua viagem, mas o assunto mais importante que a
grandiosa providência de Deus designara para a viagem ainda não
fora tratado. Ele estivera em Jerusalém, onde os apóstolos
anunciavam a fé cristã e as multidões a confessavam. Mas ele não
tinha tomado conhecimento disso e nem fizera investigações a
respeito. Pelo visto, ele não dera importância a isso e lhe
voltara as costas. Contudo, a graça de Deus o buscou, o alcançou
no deserto e lá o conquistou. Assim Deus é achado por aqueles
que não o buscavam (Is 65.1). Filipe recebeu esta ordem não por um
anjo, como antes, mas pelo Espírito que sussurrou em seu ouvido:
“Chega-te e ajunta-te a este carro (v.29). Vai tão perto
que o cavaleiro perceba a tua presença.” (sic). Devemos
procurar fazer o bem àqueles que casualmente nos fazem companhia ao
longo da estrada, assim os lábios do justo apascentam muitos
(Pv 10.21). Não devemos ser tão tímidos de todos os estranhos como
alguns aparentam ser. Sobre aqueles de quem nada sabemos, sabemos
pelo menos isto: eles têm alma.
Filipe
encontra o eunuco lendo a Bíblia, assentado
no seu carro (v.28). Correndo Filipe, ouviu que [o
eunuco] lia (v.30). Ele lia em voz alta para que os que estavam
com ele se beneficiassem com a leitura (v.30). Desta forma, ele
aliviava o tédio da viagem e remia o tempo lendo. Lia não
filosofia, história, política, muito menos um romance ou peça
teatral, mas as Escrituras. Tratava-se do livro de Isaías, o livro
que Jesus leu ( Lc 4.17) e que o eunuco lia, fatos que nos servem de
indicação para nossa própria leitura particular. Talvez o eunuco
estivesse relendo as porções das Escrituras que ele ouvira ser
lidos e expostas em Jerusalém, para que não se esquecesse do que
tinha ouvido. Note que:
(1) É
dever de cada um de nós dialogar bastante com as Santas Escrituras.
(2) As
pessoas que ocupam posição de destaque devem abundar mais que os
outros nos exercícios devocionais, porque o seu exemplo influenciará
muitas pessoas e eles têm mais tempo à disposição.
(3) É
sábio que homens de negócio redimam o tempo para se dedicaram à
deveres santos. O tempo é precioso, e a melhor economia no mundo é
organizar os fragmentos de tempo, para que nada se perca, e preencher
cada minuto com algo que tenha boa importância.
(4)
Quando estivermos voltando do culto público, devemos usar meios em
particular para manter os bons sentimentos estimulados e conservar as
boas impressões feitas (1 Cr 29.18).
(5) Os
que são diligentes em pesquisar as Escrituras estão no caminho
certo para melhorar em conhecimento, porque àquele que tem se
dará (Mt 13.12).
(extraído
de HENRY, Mattew. Comentário
Bíblico Novo Testamento – Atos a Apocalipse.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008, 1ªed.)
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