A Bíblia é um livro espiritual que deve ser interpretado através da
iluminação do Espírito Santo, mas, ao mesmo tempo, a Bíblia é um livro, e a única
correta interpretação é aquela que concorda com sua gramática – o que está
escrito. Por esta razão é importante que nós estejamos familiarizados com as
regras ou princípios da interpretação. A ciência da Hermenêutica é o estudo
desses princípios.
Hermenêutica é um assunto sério. A nossa interpretação da Bíblia
irá determinar nossas crenças e essas crenças determinarão como pensamos e
agimos.
A seguir, estão 13 princípios que nós devemos seguir quando interpretamos
a Bíblia:
1. A Bíblia é a autoridade
absoluta. É impossível interpretar a
Bíblia corretamente sem a convicção de que toda a Bíblia é a Palavra de Deus.
Nós não temos o direito de rejeitar certas partes da Bíblia porque elas se
opõem às nossas tradições, opiniões, ou estilos de vida.
2. O Espírito Santo é o melhor professor da Bíblia. O Senhor Jesus disse que enviaria o Espírito Santo para guiar a
Igreja em toda a verdade (João 14:26; 16:13) e sem Sua iluminação é impossível
entender a Bíblia (I Coríntios 2:14). Isso não significa que em “nome do
Espírito Santo” temos o direito de desviar do que está escrito na Palavra ou
acrescentar algo a ela. Apenas o que está escrito na Bíblia pode ser afirmado
como doutrina. Nossos sentimentos e emoções têm pouco valor na formulação de
uma fé bíblica.
3. A própria Bíblia é o seu melhor comentário. Quando nós não podemos entender a interpretação de uma parte da
Bíblia ou queremos alargar nossa compreensão dela, nós devemos buscar
explicações em outras referências Bíblicas.
4. A Bíblia não se contradiz: Portanto sempre deve haver harmonia em nossas interpretações de
textos diferentes. Se nossa interpretação de um texto contradiz a interpretação
de outro, então estamos errados.
5. Textos incertos [difíceis]
devem ser interpretados através de textos claros [fáceis]. Aqueles textos que a interpretação não é muito clara devem ser
interpretado à luz dos textos, que podem ser entendidos claramente.
6. A gramática determina a Interpretação. O texto ou verso que estamos estudando tem somente uma
interpretação correta e é aquela na qual está de acordo com a gramática (o que
está escrito). Mesmo se o texto possa ter várias aplicações, ele tem apenas uma
interpretação correta e é aquela que está de acordo com o que está escrito.
7. O contexto é importante. A Bíblia é como um quebra-cabeça no qual é impossível interpretar
somente uma peça sem um entendimento geral de todas as outras. Cada palavra
deve ser interpretada no contexto da frase, cada frase no contexto do
parágrafo, cada parágrafo no contexto do livro e cada livro no contexto da
Bíblia inteira.
8. As palavras são importantes. Deus escolheu palavras para nos comunicar Sua palavra. Portanto é
importante determinar o significado de cada palavra.
9. A interpretação simples é normalmente a melhor. A Bíblia não foi escrita para teólogos ou místicos, mas para o
homem comum. Apesar de haver alegorias, metáforas e símbolos na Bíblia, devemos
buscar a mais simples interpretação.
10 O Velho Testamento deve ser
interpretado à luz do Novo. Para o Cristão, o Novo
Testamento determina a aplicação do Velho Testamento em sua vida. Um bom
exemplo é a doutrina do Espírito Santo. No Velho Testamento, Ele poderia ser
retirado dos crentes (Sl. 51:11), mas no Novo, ele permanece eternamente com
ele (João 14:16-17).
11. A interpretação não deve ir além da revelação das Escrituras. O que a Bíblia não explica nós devemos aceitar como um mistério.
Se formos além “do que está escrito” corremos perigo de formar falsa doutrina.
12. O Objetivo é a exegese. A palavra exegese vem do verbo Grego exegeisthai [ ex=fora/ hegeisthai=conduzir
ou guiar ]. Quando interpretamos as Escrituras devemos extrair o verdadeiro
sentido do texto e a todo custo devemos evitar ler textos a qual eu acho que
ele pode significar. Devemos evitar interpretar a Bíblia de acordo com nossas
próprias presunções ou ideias preconcebidas. Nossas presunções são como óculos
coloridos que destorcem nossa visão das Escrituras. Devemos nos esforçar para
retirar nossos óculos e ver o texto como ele é. Esse é o maior trabalho do
estudante da Bíblia.
13. Nossa interpretação pessoal deve ser comparada com a da Igreja. Nos últimos 2000 anos, teólogos dedicados, pastores e outros
Cristãos estudaram as Escrituras. Devemos comparar nossas descobertas com a
deles. Se nossa interpretação não é encontrada entre os dedicados Cristãos da
história, possivelmente estamos errados. Não deveria haver “novas descobertas”
na doutrina Cristã. Judas refere à fé Cristã com aquele que foi “de uma vez por
todas” entregue aos santos (Judas 1:3). [1]
[1] n.t.: com isso Paul Washer não está dizendo que a tradição
possui autoridade igual ou superior ao das Escrituras.
Concordamos com a Declaração de Cambridge que diz:
“Reafirmamos a Escritura
inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger
a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa
salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser
avaliado. Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a
consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou
contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa
ser veículo de revelação.”
O que Paul Washer quer dizer é que
Deus deu à Igreja mestres fiéis as Escrituras e que devemos nos atentar ao seus
ensinos. Contudo, em último quesito, todo ensino deve ser fundamentado sobre as
Escrituras e não sobre a autoridade de qualquer pessoa. E da mesma forma,
somente as Escrituras devem ser usadas para convencer o crente das doutrinas
bíblicas e não “fulano disse”.
Fonte: www.voltemosaoevangelho.com
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