[John Stott]
Instintivamente, sabemos que
não podemos enquadrar Deus em nenhuma estrutura conceitual concebida
por nós mesmos. Se achamos que fomos bem-sucedidos nessa tarefa, o
que temos em nosso enquadramento não é Deus. Nossa mente não pode
concebê-lo e, muito menos contê-lo. “Pois os meus pensamentos
não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus
caminhos”, declara o Senhor. “Assim como os céus são
mais altos do que os seus caminhos, os meus pensamentos mais altos
do que os seus pensamentos” (Is 55:8,9).
Até mesmo os rápidos
lampejos dele, quando ele passa por nós nos momentos de êxtase ou
de dor, de beleza ou de maravilhamento, de bondade ou de amor,
deixam-nos totalmente atordoados pela completude dessa realidade que
está além de nós. Ainda assim, esses lampejos são em si mesmos
uma forma de “mediação”. Pois eles são declarações de Deus
por intermédio das glórias do céu e da terra, dos intrincados
mecanismos da natureza, das complexidades da situação humana em sua
mescla de nobreza e degradação, e de toda abrangência de nossas
respostas a isso. Essas “mediações”, no entanto, nos deixam
insatisfeitos. Elas apontam para alturas que não podemos alcançar,
profundidades que não podemos sondar. Precisamos de uma mediação
que seja, de imediato, mais palpável, mais pessoal e mais
genuinamente humana. Em uma palavra: precisamos de Jesus Cristo.
Pois, por mais rica que seja a realidade que já tenhamos visto,
sentido, concebido ou suspeitado, separada de Jesus Cristo, Deus
permanece infinitamente distante. Apenas uma vez essa vida veio
pessoalmente estar em nosso meio, quando a Palavra de Deus realmente
tornou-se um ser humano e viveu entre nós. Só naquele momento os
olhos humanos puderam contemplar a “glória” verdadeira em forma
humana, o esplendor da realidade pessoal suprema, “... glória
como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”
(Jo 1.14).
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