"Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço,
isso faço." (Romanos 7.15)
isso faço." (Romanos 7.15)
[por John Piper]
Se
o seu “querer” não se conforma com o “dever” estabelecido
por Deus, o que você pode fazer para ter paz? Vejo pelo menos cinco
estratégias possíveis.
1)
Você pode evitar pensamentos sobre o “dever”. Esta é a
estratégia mais comum no mundo. Muitas pessoas simplesmente não
dedicam energia para considerar o que deveriam estar fazendo e não o
estão fazendo. É mais fácil apenas deixar o rádio tocando.
2)
Você pode reinterpretar o “dever”, para que este se pareça com o
seu “querer”. Isto é um pouco mais sofisticado; portanto, não é
muito comum. Geralmente exige uma educação especializada, para ser
feito com credibilidade; ou, a graduação em um seminário pode
fazer isso com requinte.
3)
Você pode reunir os poderes da sua vontade para realizar uma forma
de “dever”, embora não tenha o “querer” em seu coração.
Isso parece muito bom e, frequentemente, é mal interpretado como uma
virtude, até por aqueles que o fazem. De fato, há uma filosofia que
diz: “O dever sem o querer é a essência da
verdadeira virtude”. O problema desta filosofia é o que Paulo
disse: “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Coríntios 9.7). Isso
coloca os que contribuem por “dever” em uma situação precária.
4)
Você pode sentir contrição pelo fato de que o seu “querer” é
muito pequeno e frágil – como um grão de mostarda. Depois, se
você tiver a capacidade, cumpre o “dever” pelo esforço da
vontade, enquanto lamenta que seu “querer” seja fraco e ora para
que este logo seja restaurado. Talvez este até seja restaurado
enquanto você realiza o “dever”. Isto não é hipocrisia. A
hipocrisia oculta a ausência do “querer” e finge que ele existe.
A virtude confessa o desejo deficiente na esperança de que a graça
perdoará e restaurará.
5)
Por meio da graça, você pode buscar a Deus, para que Ele lhe dê o
“querer”, de modo que, chegando o momento de cumprir o “dever”,
você terá o “querer”. Em última instância, o “querer” é
um dom de Deus. “A mente da carne é hostil para Deus... e não
é capaz de submeter-se à lei de Deus” (Romanos 8.7 –
tradução do autor). “O homem natural não pode entender as
coisas do Espírito de Deus...porque elas são apreciadas
espiritualmente” (1 Coríntios 2.14 – tradução do autor). “Na
expectativa de que Deus lhes conceda...o arrependimento para
conhecerem plenamente a verdade” (2 Timóteo 2.25).
A
doutrina bíblica do pecado original se resume nisto (emprestado de
Agostinho): somos livres para fazer o que gostamos, mas não somos
livres para gostar do que deveríamos gostar. “Pela desobediência
de um só homem [Adão] , muitos se tornaram pecadores” (Romanos
5.19). Esta é a nossa condição. E sabemos, com base em
nosso próprio coração e nas Escrituras, que somos responsáveis
pela corrupção de nosso “querer”. De fato, quanto melhor nos
tornamos, tanto mais nos envergonhamos de sermos maus,
e não apenas de fazermos o mal. Como disse N. P. Williams, “o
homem pode sentir-se envergonhado de praticar o que é errado,
mas o santo, capacitado com o aprimoramento superior de uma
sensibilidade moral e poderes perspicazes de introspecção, se
envergonha de ser o tipo de pessoa que está sujeito a
praticar o que é errado”.
A
obra soberana e espontânea de Deus em mudar o coração é a nossa
única esperança. Portanto, temos de pedir-lhe um novo coração.
Temos de orar para que Ele nos dê o “querer” - “Inclina-me
o coração aos teus testemunhos e não à cobiça” (Salmos
119.36). “Alegra a alma do ter servo, porque a ti, Senhor, elevo a
minha alma”. Deus prometeu fazer isto: “Porei dentro de vós o
meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos” (Ezequiel
36.27). Isto é a nova aliança comprada com o sangue de Jesus (ver
Hebreus 8.8-13; 9.15). “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente,
junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4.16).
Fonte:
PIPER, John. Provai e Vede. São José dos Campos: Fiel, 1ª
edição em português: 2008.
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