[John Stott]
Depois que Deus fez a promessa a Abraão, ele deu a Lei
a Moisés. Por quê? Simplesmente porque ele tinha de fazer as coisas
piorarem antes que pudesse melhorá-las. A Lei expôs o pecado,
afrontou o pecado e o condenou. O propósito da Lei era, por assim
dizer, tirar a tampa da respeitabilidade do homem e expor o que ele
realmente é abaixo da superfície – pecador, rebelde, culpado, sob
julgamento de Deus e sem esperança para salvar-se a si mesmo.
Hoje, deve-se permitir que a Lei faça a tarefa que Deus
lhe confiou. Uma das grandes falhas da Igreja contemporânea é a
tendência de abrandar o pecado e o julgamento. De maneira semelhante
aos falsos profetas, nós tratamos da ferida do povo de Deus “... como
se não fosse grave” (Jr 6.14; 8.11). Veja como Dietrich Bonhoeffer
expõe essa ideia: “É apenas quando alguém se submete à Lei que
ele pode falar de graça... Não acho que seja cristão querer chegar
ao NT de forma muito rápida e direta.” Jamais devemos ignorar a a
Lei e ir direto ao evangelho. Fazer isso é contradizer o plano de
Deus na história bíblica.
Essa não é a razão pela qual o evangelho não é
apreciado hoje em dia? Alguns o ignoram, outros o ridicularizam.
Então, em nosso evangelismo moderno, jogamos pérolas aos porcos (e
a pérola mais cara é o evangelho). As pessoas não conseguem ver a
beleza da pérola, porque não tem o conceito da imundícia do
chiqueiro. Nenhum homem aceita o evangelho antes que a Lei, primeiro,
revele a esse homem sua própria natureza e essência. É apenas na
escuridão profunda do céu noturno que as estrelas começam a
aparecer, bem como também é apenas no pano escuro do pecado e do
julgamento que o evangelho brilha.
Não admitimos nossa necessidade de abraçar o
evangelho, para que este cure nossas feridas, antes de a Lei nos ter
injuriado e derrotado. Jamais ansiaremos para que Cristo nos liberte
antes de a Lei nos prender e aprisionar. Jamais buscaremos Cristo
para ser justificados e viver, antes de a Lei nos condenar e matar.
Jamais acreditaremos em Jesus, antes de a Lei nos levar ao desespero.
Jamais nos voltaremos para o evangelho, para que este nos leve ao
céu, antes de a Lei nos rebaixar até o inferno.
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