[Steven
J. Lawson]
Nenhum
edifício erigido por mãos humanas pode ser e permanecer sólido e
forte, a não ser que os seus alicerces estejam bem fixos e sejam
firmes. Um edifício alto não pode ser construído sobre uma
fundação tendente a fragmentar-se. Não se deve construir um
edifício sobre mero lixo ou entulho. Sem uma base sólida e sem
colunas enterradas profundamente, a estrutura superior cairá. E
mais, quanto mais alto o edifício, mais profundas as colunas devem
ser. A solidez estrutural do edifício todo repousa completamente na
firmeza do alicerce.
Em
nenhum outro lugar essa verdade é mais aplicável do que na
construção da igreja, que é "uma casa espiritual"
(1Pe 2.5). Jesus Cristo em pessoa é o único edificador da igreja,
como prometeu: "Edificarei a minha igreja, e as portas do
Hades não poderão vencê-la" (Mt 16.18b). Cristo não
disse "vocês edificarão a minha igreja". Tampouco
disse: "Eu edificarei a igreja de vocês". Em vez
disso, afirmou: "[Eu] edificarei a minha igreja".
Cristo, pessoalmente, está construindo a sua igreja, e, como um
sábio construtor, está estabelecendo-a sobre fundação de sólidas
pedras – o sólido fundamento da doutrina (Ef 2.20).
Amarras
Inamovíveis da Graça Soberana
A
pedra angular, a principal pedra de uma igreja construída por mãos
divinas, é a fé no senhorio de Jesus Cristo. Afinal de contas, foi
essa a grande confissão de Pedro – "Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo" (Mt 16.16) – que deu azo à grande
promessa de Jesus de que construiria soberanamente a sua igreja. Há,
porém, outras amarras inamovíveis da igreja, além desta de que
acabamos de falar. No processo de edificar a sua igreja, o Senhor
Jesus levanta e coloca nos respectivos lugares as fortes colunas e os
fortes componentes de tudo quanto ensinou – o completo conselho de
Deus. Jesus ordenou que os seus discípulos ensinassem "tudo
o que eu lhes ordenei" (Mt 28.20, com ênfase em tudo). As
verdades que Cristo ensinou constituem a fundação sólida e segura.
E no coração mesmo do seu ensino doutrinário está um inequívoco
compromisso com a soberania da graça divina. Estas verdades centrais
formam a sólida base do firme fundamento da igreja. A igreja que é
construída sobre as doutrinas da graça, é erguida sobre a
inexpugnável rocha da revelação divina. Que firme fundamento tal
igreja tem!
Mas,
triste é dizer, a igreja atual parece ter a intenção de retirar as
doutrinas da graça do seu alicerce. Em vez disso, prefere construir
com madeira, palha e restolho sobre areia movediça. Uma igreja assim
pode ter uma impressionante aparência externa, e, portanto, pode
atrair muita gente. Mas, interiormente ela não é espiritual, é
instável, e, pior, em grande parte não é convertida. Tal igreja,
construída sobre um alicerce tão frágil não pode ter esperança
de subsistir nos dias de tribulação. Mas a história registra
que quando uma igreja é edificada com o ouro, a prata e as pedras
preciosas de uma mensagem centrada em Deus, ela é fortalecida e pode
resistir aos mais difíceis temporais. Nem mesmo os ventos
tempestuosos da apostasia, da perseguição e das terríveis chamas
do martírio podem fazê-la cair. De fato, sempre que a igreja é
edificada sobre a sólida rocha da graça soberana de Deus, ela
permanece inamovível, como inamovível tem permanecido nas horas
mais tenebrosas da história.
A
Graça Soberana: um Firme Fundamento
As
verdades da graça soberana formam o mais forte fundamento
doutrinário para qualquer igreja ou crente. As doutrinas
relacionadas com a soberania de Deus na salvação do homem lançam a
mais sólida pedra angular e, assim, protegem firmemente a vida e o
ministério do povo de Deus. O culto na igreja é mais puro quando o
ensino dessa igreja sobre a graça soberana é mais claro. Seu modo
de viver é mais limpo quando a sua exposição das doutrinas da
graça é mais rica. Sua comunhão é mais agradável quando a
instrução sobre a soberania de Deus é mais firme. Sua obra de
evangelização no mundo é mais forte quando a sua proclamação da
teologia transcendental é mais ousada. A vida espiritual da igreja
toda é elevada quando a sua mensagem está ancorada no mais alto
conceito sobre a graça soberana de Deus. Foi nos tempos da história
em que as doutrinas da graça eram apresentadas em sua rica
plenitude, que a igreja esteve melhor. Eis onde permanece o firme
fundamento da igreja: nas enriquecedoras verdades da graça soberana.
A
respeito desse sólido fundamento, Benjamin B. Warfield escreveu:
“Pois
bem, estes Cinco Pontos compõem uma unidade orgânica, um singular e
uno corpo da verdade. Eles estão baseados em duas pressuposições
que a Escritura endossa abundantemente. A primeira pressuposição é
a completa impotência do homem, e a segunda é a absoluta soberania
de Deus em sua graça. Todos os demais pontos são decorrências. O
local de encontro desses dois fundamentos é o coração do
Evangelho, pois, se o homem é totalmente depravado, segue-se que é
necessário que a graça de Deus em salvá-lo seja soberana. De outro
modo, o homem inevitavelmente a recusará em sua depravação, e
permanecerá não redimido.”1
Warfield
está certo em sua avaliação. A culpa humana e a graça divina se
cruzam no Evangelho, e as doutrinas da graça soberana retratam
vividamente a grandiosidade da obra de salvação planejada e operada
por Deus.
Sobre
este ponto, Boice declara sucintamente: "As doutrinas da
graça permanecem ou caem juntas, e juntas apontam para uma verdade
central: a salvação é toda de graça porque é toda de Deus; e,
porque é toda de Deus, é toda para a sua glória".2
Toda
a glória seja para Deus, que supre toda a graça.
Referências
1
B. B. Warfield, "A Review of Studies in Theology", em
Selected Shorter Writings of Benjamin B. Warfield, II, ed. John E.
Meeter (Nutley, NJ: Presbyterian and Reformed, 1973), 316.
2
Boice e Ryken, The Doctrines of Grace: Rediscovering the
Evangelical Gospel, 32.
Fonte: extraído do blog www.ministeriofiel.com.br
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