[Deuteronômio 8:1-20]
Os mandamentos são a base de todas as bençãos que Deus reservara para Israel. A fim de nunca esquecê-los é necessário
manter em mente as lições do passado.
a) Não se esqueça das lições da disciplina divina (8:1-6).
Deus nos prepara para suas bençãos. Não há quem possa permanecer
no sucesso sem a necessária disciplina divina. Muitos teriam mais
êxito se se submetessem ao aprendizado necessário. Ao passo que,
com outros, o treinamento é prolongado, desnecessariamente, porque
“reprovam nas provas”. Foi o que sucedeu em Israel. Foram 40
vezes mais longo do que precisava ter sido.
Mas a disciplina foi algo bom. Humilhou e provou (v.3). Revelou os
verdadeiros motivos do coração (v.2). Tinha a forma de dieta
alimentar incomum, para a qual os israelitas dependiam literalmente
de Deus todos os dias. Certo estudiosos pensam que o maná (v.3) era
a excreção de dois tipos de insetos escamosos que se alimentavam de
tamargueiras. Se foi assim, e na verdade não temos como obter
certeza, então a referência a humilhar é muito apropriada! Este cardápio era uma comida que nem os israelitas nem seus pais tinham
previamente conhecido. Mas, sobretudo, Deus humilhou os filhos de
Israel para torná-los dependentes dos mandamentos e das promessas
divinas. A condição mais importante na vida é ter um
relacionamento correto com Aquele que alimenta a alma e o corpo (cf.
Mt 4.4; Lc 4.4).
Certos expositores entendem que a declaração: Nunca se
envelheceu a tua veste sobre ti (v.4), quer dizer que as roupas
dos israelitas não se desgastaram durante os 40 anos. É mais
provável que signifique que, pela provisão de Deus, eles fizeram
outras roupas, mesmo sendo nômades peregrinando pelo deserto. Pelo
mesmo cuidado divino, os pés não incharam. No versículo 5, a
ênfase não está na palavra 'castiga', mas no termo 'seu
filho' (cf. Hb 12:7,8). A lição da disciplina é aplicada: E
guarda os mandamentos do Senhor, teu Deus (v.6).
Os versículos 1 a 6 sugere o tema “para que não esqueçamos”:
1) as provas do passado (v.2); 2) as lições do passado (v.3); 3)
o cuidado paternal (vv. 4,5).
b) Não se esqueça de quem foi que te deu a terra (8:7-20).
Temos a descrição fiel de como era Canaã no tempo de Moisés
(7-9). Charles Wesley descreve a experiência do amor perfeito em
termos da terra de Canaã:
A land of corn and wine and oil
favoured with God's peculiar smile
and every blessing blessed...1
O ferro (v.9) é menção de basalto preta com aproximadamente 20% de
teor de ferro. Quanto a cobre é tradução correta (cf. NTLH). Na
atualidade, a riqueza mineral de Canaã tem sido explorada como
nunca.
O tema dos versículos 6 a 10, “viva pela Palavra de Deus”,
é sugerido no versículo 3b. 1) Viva pela obediência aos
mandamentos de Deus, v.6; 2) viva pela aceitação das disciplinas
de Deus, v.5 (cf. Hb 12:5-11); 3) viva pela fé nas promessas de
Deus, vv.7-10.
É característico da natureza humana passar da escassez para a
abundância com uma gratidão inicial, a qual, depois de certo tempo,
dá lugar a um espírito de congratulação própria, automaticamente
e, às vezes, rebelião arrogante. Estes versículos apresentam esta
tendência e indicam as coibições. Guarda-te para que... havendo
tu comido, e estando farto... se não eleve o teu coração, e te
esqueças do Senhor (vv. 11-14), e não digas no teu coração:
a minha força (v.17) me adquiriu este poder. Feliz o
homem que sabe equilibrar um estômago cheio com um coração grato e
humilde. É extremamente comum a tendência a descambar para outra
direção. O coração arrogante inibe a memória da bondade do
Senhor e explica a prosperidade em termos de capacidade humana e boa
sorte. O resultado triste é nos afastar de nosso Benfeitor e
transferir nossa lealdade a uma forma menos exigente de religião,
que dê maior amplitude aos desejos mais vis. Esta propensão é
copiosamente ilustrada pela história de Israel. Nas palavras
gráficas da canção de Moisés, “engordando-se Jesurum, deu
coices” (32.15).
Moisés dá uma prescrição certa para a prevenção de tal
eventualidade. Os israelitas devem se lembrar do Senhor ao guardarem
mandamentos divinos, e nunca
se esquecer da libertação do Egito (vv. 11,14). Devem recordar a
orientação, a proteção e a provisão divinas no deserto. Jamais
devem esquecer que por trás de toda a capacidade em adquirir poder
(“riquezas”, ARA), acha-se a força (v.18) de Deus. Por fim, a
apostasia aos falsos deuses trará sobre Israel o mesmo destino das
gentes (“nações”, ARA) que eles desapossam (vv. 19-20).
1“Uma terra de trigo, vinho e azeite / favorecida com o sorriso peculiar de Deus / e abençoada com todas as bençãos...”
Fonte:
Comentário Bíblico Beacon Vol.1. Diversos Autores.
São Paulo: CPAD, 2005, 1ª
ed.
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