[Josemar Bessa]
Há
pregadores que adoram frases do tipo: “Todo ponto de vista é a
vista de um ponto” – O que eles desejam ensinar com isso?
Brian McLaren resume essa mentalidade na introdução
ao seu livro A New Type of Christian ("Um Novo Tipo de
Cristão"):
“Dirijo meu automóvel e ouço a estação de rádio cristã, algo que minha esposa sempre diz que devo parar de fazer ("porque isso só deixa você nervoso", diz ela). Ali, ouço um pregador após outro se mostrando absolutamente seguro de suas repostas, que são até à prova de bombardeio, e das suas interpretações bíblicas infalíveis... E, quanto mais seguro ele parece, tanto menos desejo ser um cristão, porque neste outro lado, distante do microfone, das antenas e do locutor, a vida não é tão simples assim; as respostas não são tão claras assim; e nada é tão seguro assim”.
Deste
modo, o pós-modernismo "evangélico" chegou a transformar
em virtude sublime toda dúvida, incerteza e hesitação a respeito
de quase todos os ensinos das Escrituras. Convicções fortes,
afirmadas com clareza, são invariavelmente rotuladas como
"arrogância" por aqueles que favorecem o diálogo
pós-modernista.
Cristo
sempre nos guia na Verdade, e Ele nos faz viver o evangelho e
proclamá-lo fielmente, não como um nariz de cera que pode ser
moldado por cada um segundo suas conveniências, e é assim que Ele
nos guardará de“tropeçar, e nos apresentará diante da Sua
glória sem mácula e com grande alegria” (Judas 24).
Ambivalência é como uma corda que, se não verificada, torna-se uma
algema que prende o homem à heresia. Ambivalência é o câncer
desta geração!
O
relativismo é uma revolta contra a realidade objetiva de Deus. A
mera existência de Deus cria a possibilidade da verdade absoluta.
Deus é a norma suprema e final para todas as alegações de verdade.
Quem ele é, o que ele quer, o que ele diz, é o padrão externo e
objetivo para se medir todas as coisas. Se o mundo acha isso
relevante ou atrasado, isso não faz a menor diferença. E sua
revelação é clara, mas jogamos fumaça sobre ela quando queremos
agradar ao mundo mostrando que tudo não passa de pontos de vistas
diferentes. Que a verdade é subjetiva. Quando o relativismo diz
que não existe um padrão de verdade e falsidade que é válida para
todos, ele fala como um ateu. Ele comete traição contra Deus.
O
relativismo é uma rebelião generalizada contra o próprio conceito
de direito divino. Portanto, é a rebelião mais profunda contra
Deus. É uma traição que é pior do que a revolta total, porque
é desonesto. Continua pregando um "evangelho" que na
realidade não é verdade absoluta externa a nós. Era melhor dizer
que não crê ser ele a verdade e pronto. É realmente pior de que
uma revolta total. É realmente desonesto - pois devia dizer na face
de Deus "A tua palavra é falsa". Dizer: "A tua
palavra é ambígua..." - dizer: "Não há tal coisa
como uma palavra universalmente objetiva revelado por Deus" –
Mas não usa dessa clareza honesta, e então deixa o que chama de
"verdade" como algo aberto para cada homem moldar as
coisas segundo seu coração enganoso. Isso é traição.
Ah!
A loucura das mentes descuidadas abertas para tudo e caindo por nada,
já dizia alguém. Todas as pessoas que são superficialmente
“ortodoxas”, que dizem que “todo ponto de vista é a vista
de um ponto”, transformam a verdade das Escrituras em
mentira.
Essa
abordagem tem sido mencionada, por alguns, como "uma
hermenêutica da humildade" — como se fosse inerentemente
orgulhoso demais para um pregador o imaginar que ele sabe aquilo que
Deus disse a respeito de alguma coisa. É claro que essa negação de
toda a certeza não tem qualquer indício de verdadeira humildade. De
fato é arrogância, arrogância contra Deus. De fato, isto é
realmente uma forma arrogante de incredulidade, arraigada na recusa
imprudente de reconhecer que Deus foi suficientemente claro na
revelação que fez de Si mesmo às suas criaturas.
Essa
atitude é uma forma blasfema de arrogância e, quando ela governa
até a maneira como alguém maneja a Palavra de Deus, se torna outra
expressão de rebeldia maligna contra a autoridade de Cristo. Era
melhor dizer abertamente: eu amo a mente do mundo (minha própria
mente), não a de Deus.
Quando
a verdade objetiva desaparece na névoa do relativismo, não somos
mais um humilde servo para a proclamação preciosa verdade. Um homem
assim joga fora o jugo da servidão e assume um poder próprio. Ele
não se submete à realidade objetiva externa, ele cria a sua própria
"realidade". Ele não serve mais para mostrar a verdade.
Ele passa ser a fonte de autoridade que define o que é a verdade. E
todos alegremente aplaudem, pois cada um pode ter a “sua” própria
“verdade”, já que ““todo ponto de vista é a vista de um
ponto”
Devemos
tomar o jugo da Verdade revelada mesmo que a cultura à nossa volta a
ache loucura e escândalo, mesmo que ela não se adapte para se
tornar “relevante” para o mundo. Todos os amantes da verdade são
humildes, mas apesar de tentar vender isso desonestamente, o
relativismo não é uma postura humilde, mas um manto de orgulho,
altivez contra Deus, uma heresia destruidora!
Fonte:
www.josemarbessa.com