[por
A.W.Pink]
“Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7.22) - isso é verdade apenas sobre a pessoa nascida de novo. Todavia, aquele que tem prazer na lei de Deus encontra, em seus membros, outra lei. Isso não pode estar limitado aos membros do corpo físico, mas tem de ser entendido como algo que inclui todas as várias partes de sua personalidade carnal, a memória, a imaginação, a vontade, o coração, ...
Essa
outra lei, disse o apóstolo, guerreava contra a lei de sua mente (a
nova natureza); e não somente isso, ela também o fazia “prisioneiro
da lei do pecado” (v. 23). Ele não definiu em que extensão se
expressava essa servidão. Mas ele estava em servidão à lei do
pecado, assim como todo crente também o está. A vagueação da
mente, na hora de ler a Palavra de Deus, os maus pensamentos que
brotam do coração (Mc 7.21), quando estamos envolvidos na oração,
as más figuras que, às vezes, aparecem quando estamos em estado de
sonolência – citando apenas alguns – são exemplos de havermos
sido feitos prisioneiros “da lei do pecado”. Se o
princípio mau de nossa natureza prevalece, a ponto de despertar em
nós apenas um pensamento mau, ele nos tomou como cativos. Visto que
ele nos conquistou, estamos vencidos e feitos prisioneiros. (Robert
Haldane).
O
reconhecimento dessa guerra em seu íntimo e o fato de que se tornou
cativo ao pecado levam o crente a exclamar: “Desventurado homem
que sou!”. Esse é um clamor produzido por uma profunda
compreensão da habitação do pecado. É a confissão de alguém
que reconhece não haver bem algum em seu homem natural. É o
lamento melancólico de alguém que descobriu algo a respeito da
horrível profundeza de iniqüidade que existe em seu próprio
coração. É o gemido de uma pessoa iluminada por Deus, uma
pessoa que odeia a si mesma, ou seja, o homem natural, e anela por
libertação. Esse gemido, “desventurado homem que sou”,
expressa a experiência normal do crente, e qualquer crente que não
geme dessa maneira está em um estado de anormalidade e falta de
saúde espiritual. O homem que não profere diariamente esse clamor
se encontra tão ausente da comunhão com Cristo, ou tão ignorante
dos ensinos das Escrituras, ou tão enganado a respeito de sua
condição atual, que não conhece as corrupções de seu coração e
a desprezível imperfeição de sua própria vida.
Aquele
que se curva diante do solene e perscrutador ensino da Palavra de
Deus, aquele que nela aprende a terrível ruína que o pecado tem
realizado na constituição do ser humano, aquele que percebe o
padrão elevado que Deus nos tem proposto não falhará em descobrir
que é um ser maligno e vil. Se ele se esforça para perceber o
quanto tem falhado em alcançar o padrão de Deus, se, na luz do
santuário divino, ele descobre quão pouco se parece com o Cristo de
Deus, então, reconhecerá que essa linguagem de Romanos 7 é muito
apropriada para descrever sua tristeza espiritual. Se Deus lhe revela
a frieza de seu amor, o orgulho de seu coração, as vagueações de
sua mente, o mal que contamina suas atitudes piedosas, o crente
haverá de clamar: “Desventurado homem que sou!”. Se o
crente estiver consciente de sua ingratidão e de quão pouco ele tem
apreciado as misericórdias diárias de Deus, se o crente percebe a
ausência daquele fervor profundo e genuíno que tem de caracterizar
seus louvores e sua adoração Àquele que é glorificado em
santidade (Êx 15.11), se o crente reconhece o espírito pecaminoso
de rebeldia que, com freqüência, o faz murmurar ou irrita-o contra
as realizações dEle em sua vida cotidiana, se o crente admite que
está ciente não apenas de seus pecados de comissão, mas também
daqueles de omissão, dos quais ele é culpado todos os dias, ele
realmente clamará: “Desventurado homem que sou!”. Esse
clamor não será proferido apenas por aquele crente que se acha
afastado do Senhor.
Aquele
que está em comunhão verdadeira com o Senhor Jesus também emitirá
esse gemido, todos os dias e todas as horas. Sim, quanto mais o
crente se achega a Cristo, tanto mais ele descobrirá as corrupções
de sua velha natureza, e tanto mais ardentemente desejará ser
liberto de tal natureza. É somente quando a luz do sol inunda um
cômodo que a poeira e a sujeira são completamente revelados. Quando
estamos realmente na presença dAquele que é luz, ficamos
conscientes da impureza e impiedade que habita em nós e contamina
cada parte de nosso ser. E essa descoberta nos levará a clamar:
“Desventurado homem que sou!”
Fonte:
www.bereianos.blogspot.com
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